9 de jul. de 2005

Tô sempre voltando

Sempre é assim: passa o tempo, e vez por outra curto um longo revival dos meus anos de adolescência. É um mergulho longo que me enche de nostalgia, mas também me energiza. Devo dizer sem vacilos que foi a melhor época da minha vida. Onde, por mais que não pareça possível, eu me sentia mais segura. Não, não era exatamente segurança. Eram problemas subjetivos, íntimos, dramas amorosos, eu estava sempre apaixonada, impressionante. Era tudo fichinha diante da vida de verdade, com seus problemas de verdade, entre os quais hoje transito. Estou relendo diários que escrevi entre os 12 e 15, 16 anos. Que mágico. Comecei a relê-los por conta de Clara ter desejado um diário de presente (ela ganhou um). Contei-lhe então que também os tinha e quando ela adormeceu peguei a caixa. O máximo. E, putz, para quem tinha 13 anos, eu até escrevia bem. Tantas coisas que esqueci, também. Que meu pai me proibiu de frequentar o coral da escola pois o ensaio era à noite, quem diria? Acho que esqueci quem era meu pai - hoje sem dúvida ao menos na casca ele é outra pessoa. Há nos cadernos nomes desconhecidos, espremo a memória para que eles ganhem face e história.

Para celebrar o momento, a letra de uma música que representa bem esta época. Apesar de tantas lembranças esquecidas, esta tarde sempre recordarei: quando descobri esta música em um vinil que havia em casa, de minha pobre irmã. Houve magia naquela tarde, é certo. Sinto-me uma tonta demonstrando tanta introspecção numa hora como esta, em que todos se voltam para CPI´s, mensalões, Bob´s Jeff´s e Karinas (aliás, Genoíno acabou de afastar-se da presidência do Pt, li no Noblat). É que eu sou mesmo essa tonta, e isto, este blog, não deixa de ser uma sombra pálida (prá sorte de vocês, heheheeheh) dos diários que escrevi enre 1983 e ... 2003! Não, de fato assiduamente, eu escrevi até perto do fim da década de 80. Depois, haviam longos intervalos.

Vai a letra. Que se dane a realidade. Valeu, Conrado:

Terra e Lua (De Luli para Lucina)

essa lua que me virou virou
esse gosto de leite bom
esse Oxóssi de opinião, já se vê
esse toque novo,
esse cheiro verde de neném
essa terra forte que quer querer
que quer crescer e que quer viver
que entrenta a morte, enfrenta a sorte
traça a trajetória do nosso sofrer
sofrer pela ausência do que nunca soubemos
o que estava ali oculto e ignorado
e que invadiu a nossa vida como um fogo
presente da sorte surpresa viva
repousa além da desdita
e além do fado
o oculto e belo significado
dessa mágica atração tão lado a lado
lua e terra, terra e lua
pulsando no ventre da natureza nua
lua e terra, terra e lua


O resto aqui. A letra é longa.

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