31 de jan. de 2005

O sono é inimigo do cinéfilo

Domingo não é dia, mas ontem cheguei bem tarde e a rotina já tava desmantelada mesmo. Daí comecei a assistir o filminho no Cine Band Clássicos, que delícia! Mesmo sem saber o título, captei logo que era coisa do Hemingway quando o protagonista falou "ah, eu vou prá Espanha ver umas touradas!" e porque ele se chamava Jake, não me pergunte porque. Depois apareceu a mocinha, que de mocinha não tinha nada, era somente a Ava Gardner e fazendo papel de uma ninfomaníaca! Isso só soube lendo hoje a sinopse do filme, pru mode na parte que um impotente Tyrone Power começou a ficar irado com ela dormi, humpf... Mas ela só parecia mesmo uma moça que gostava muito de dançar, e eu nunca pensei que uma ex-enfermeira de guerra viúva pudesse ser ninfomaníaca... Tão engraçados os filmes antigos... Taí a peste de freira, ó...


28 de jan. de 2005

Desventuras - O filme

Afinal fui assistir Desventuras em Série. Presentinho prá mim mesma por ter tido uma semana de corno.



Pior que teria sido um presente mesmo só prá mim, não fossem alguns poréns, apesar da idéia inicial ter sido prencher mais uma tarde de férias da Clara: chegando para comprar o ingresso bem antes da hora, fui informada pela atenciosa atendente que o filme era legendado. Àqueles que não fazem idéia sobre o que estou falando, explico: um filme ser legendado, para a mãe de uma pirralha de 6 anos recém alfabetizada, significa ter que explicar para a pequena criatura todos os "prumode" da história, aiaiaiaiai... Quase todos, melhor disser, porque as criancinhas de 6 anos de hoje já não são as que fomos, são muito espertas. Mas também, onde que eu ia parar prá ver se um filmes desses era ou não dublado, aqui em Recife? Isso é um verdadeiro milagre nessa terra, filme infantil não dublado na telona!

Impasse a postos, deixei ela resolver. "Quer ver mesmo o filme? É legendado." É claro que ela quis, mãe é um bicho besta mesmo, hein? Só fiz gastar crédito de telefone em vão. Mais tarde lá estávamos nós no escurinho do cinema, empaturrando-nos de salgadinho Torcida, guaraná e MM.

Uma primeira impressão do filme (e atenção, quase todas “primeiras impressões” ficaram como únicas, já que a melhor apreensão que poderia haver obtido ficou prejudicada pela função de tradutora que precisei desempenhar): gostei muito da forma de narração escolhida, apresentando o próprio Lemony Snicket enquanto datilografa a hitória como em geral ele se mostra, ou seja, sem mostrar o rosto, chápeu ou sombra encobrindo-o. No filme, sugere-se que o autor está a investigar os casos, o que não sei se veio da série literária, já que li apenas o primeiro volume, mas, mesmo que não tenha sido, a idéia é ótima. O filme baseia-se nos três primeiros livros, e, neste tópico creio que o roteiro apenas foi feliz até certo ponto: no final a história se perde um pouco, o que não deixa entretanto de ser natural num filme em que a história não acabou mesmo (salvo engano a série já está no décimo livro e não sei se acabou...). Talvez também a confusão tenha sido minha, porque da metade do filme em diante o frio no cinema passou a quase insuportável (e eu esquecera os casacos, claro) e as minhas "leituras" começaram a deixar Clara meio impaciente. Normalmente não me apetecem mudanças na história, mas o fato é que desta vez gostei da amarração feita jogando-se um episódio do livro um para o final: ficou bom.

Visualmente, o filme é perfeito, amei os ambientes recriados e também a atuação do elenco, obviamente com olhos mais felizes sobre as crianças, que estão muitíssimo bem. A Sunny está uma gracinha à parte, com seus coerentes pensamentos mal formulados. Junto com o Conde Olaf de Jim Carrey, é responsável pela maior parte das risadas do público. Ele, como sempre, exagerou um pouquinho na dose caricatural, mas para o filme ficou bem, considerando que o conde é um ator. E Meryl Streep, conforme previsto, só não rouba a cena porque competir com um bebêzinho lindo daqueles é sacanagem... Pra complementar, não deixem de ver a animação nos créditos finais. Muito legal...

Como foi mesmo que a Glória Pires falou pro padre, na igreja, em O Quatrilho? "O inferno também existe pros padres"... Era isso?

Dia de matrícula atrasada na faculdade deles... Tô um caco não, virei um...

27 de jan. de 2005

Olho-tonto

Assistia um filme bobinho na madrugada global quando encontrei meu Olho-tonto Moody ideal. Para quem não sabe quem é, Olho-tonto é o professor de Defesa contra a Arte das Trevas no quarto livro. No filme foi escolhido o ator Brendan Gleeson, que não achei nadica parecido com a descrição do personagem feita pela J.K.Rowling. Coisa de fã, gente...



Será que ninguém pensou no Peter O'toole para o papel? Ou será porque ele está muito velhinho?



Mas aí é que ia ficar bom, nem precisava de muita maquiagem (sem um pingo de maldade, é só a verdade). Ademais ele é quase inglês: nasceu na Irlanda.

26 de jan. de 2005

O Ray e o Rei



Eu sei que você sabe da importância do Luiz Gonzaga para a música brasileira, e que ele tinha um filho chamado Gonzaguinha, hoje reconhecidamente um dos maiores artistas que nossa música produziu, e que no início eles não se davam muito bem, e que ele fez uma das mais famosas obras do cancioneiro nacional, Asa Branca, mas... você sabia que Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira compuseram as linhas gerais do xote No Meu Pé de Serra nos primeiros dez minutos em que se conheceram, em 1945, no escritório de Humberto, que era advogado? E que o Véio Lua gravou em 1971 a belíssima No dia em que eu vim-me embora ("No dia em que eu vim-me embora/minha mãe chorava em ai/minha irmã chorava em ui/e eu nem olhava pra trás"), de Caetano Veloso e Gilberto Gil?

Daí você vai me perguntar: mas que diabo tem isso tem a ver com Ray Charles (o Ray aí do título)?

Tem que o filme Ray, de Taylor Hackford (também diretor de O Advogado do Diabo), indicado esta semana a 6 Oscars, conta a história de um grande artista americano, coisa normal na maior indústria cinematográfica do mundo. E eu estava justamente pensando no porquê de ainda não haverem os cineastas brasileiros atentado para realizar um filme sobre alguém com uma biografia dessas quando entrei no Imdb a cata de informações e havia uma imensa chamada pro filme do Taylor Hackford!

Bom dizer uma coisita mais apenas: tudo isso começou com o Yuga... Ah, também: clica no Ray aí em cima que tem mais sobre o filme. Fico devendo o link pro Lua, viu, povinho do cinema nacional?

Depos do Código, o Ateliê

É isso mesmo que vocês estão pensando: até que se prove o contrário, pesquisadores encontraram no convento de Santíssima Annunziata, em Florença, Itália, o atêlie de Leonardo da Vinci. No dito cujo, além de afrescos, há uma sala secreta onde supostamente o artista realizava dissecação de cadáveres. Gente, esse homem deve estar se revirando no túmulo, hein? Quanto lêlê pro lado dele! Lê aqui a matéria completa.

Mamãe eu quero!!!!!

Na onda de tantos blogs amigos, resolvi fazer minha lista particular de sonhos de consumo...Coisinhas que quero, quero, quero... Livros, cds, filmes, aquelas maravilhas que fazem a vida da gente mais feliz. Ah, sim, o natal já passou, mas não me importo não de ganhar um presente de carnaval, páscoa, são joão, viu? Qualquer festejo tá valendo... Além do quê, meu aniversário é em maio, não se esqueçam, heheheheheheh...

Clica , ó, prá ver a listinha. Depois ela vai pro cantinho da página...

24 de jan. de 2005

Trio de Desventuras

A quem interessar possa, o Submarino está com promoção dos três primeiros volumes da série de Lemony Snicket. E eu, que burrei e comprei o volume 1 já, perdi essa. Se bem que, com o frete, não sei não se ia ser vantagem prá mim. Morar nas brenhas é triste, sô...

23 de jan. de 2005



Essa é uma das cachoeiras que há em Bonito, onde estive na semana que passou. Se as fotos que tirei ficarem boas coloco aqui em breve. Ê lugar bão de se ver, gente!

A dica extra que dou sobre a viagem é a do Engenho Verde. Pousada que ocupa um antigo engenho projetada pelo mesmo engenheiro do Teatro Santa Isabel, Louis Léger. Entrem no site do engenho e confiram. Não fiquei lá porque não sabia que existia, mas da próxima não escapa. Fica bem na região das cachoeiras e é um lugar muito agradável mesmo!

17 de jan. de 2005

Malandragem dá um Tempo



José Bezerra da Silva nasceu no Recife (PE), em 1927. Aos nove anos já tocava zabumba e cantava coco. Aos 15 anos foi para o Rio de Janeiro, clandestinamente em um navio, e morou no Morro do Cantagalo. Trabalhou na construção civil como pintor de paredes.

Em 1950, começou na música, influenciado por Jackson do Pandeiro. Tocou tamborim, surdo e instrumentos de percussão na Rádio Clube e em 1960 integrou a Orquestra da Copacabana Discos. Em 1969 gravou seu primeiro compacto pela Copacabana e seis anos depois seu primeiro LP.


Cês sabiam que Bezerra da Silva era recifense? Eu, não. Engraçado que passei parte da manhã com o refrão dos maconheiros na cabeça hoje de manhã. “Vou apertar/mas não vou acender agora” (o título desse post é o da música, para quem não sabe). Devo ter ouvido quando fui ao centrão (provavelmente tocada em alguma rádio) no meu tour anual de compras para o carnaval: fantasia azul de passista prá combinar com a tiara da bandeira de Pernambuco que Clara ganhou da avó, máscara de La Ursa, retalho para fazer a roupa da ursa. Para mim, máscara de papel-marchê.

Lê mais sobre o Bezerra da Silva aqui. Ele morreu hoje, aos setenta e sete anos de idade.

16 de jan. de 2005

É lindo ver o dia amanhecer

Último Regresso
(Getúlio Cavalcanti)

Falam tanto que meu bloco está
Dando adeus prá nunca mais sair
E depois que ele desfilar
Do seu povo vai se despedir
No regresso de não mais voltar
Suas pastoras vão pedir:
Não deixem não
Que um bloco campeão
Guarde no peito a dor de não cantar
Um bloco a mais
É um sonho que se faz
Nos pastoris da vida singular
É lindo ver, o dia amanhecer
Com violões e pastorinhas mil
Dizendo bem
Que o Recife tem
O carnaval melhor do meu Brasil

Tá certo, confesso: me empolguei. Mas não é lindo demais? Tem mais frevo , ó. E vai só mais uma fotinha, só uma...

Não tem prá ninguém

Votem no Recife para Capital Cultural do Brasil, no Globo Online. 'Cês vão na metade da página que tá lá o link. Dica da Cássia, que votou no Rio de Janeiro, mas o problema é que Sou do Recife com orgulho e com saudade... Ah, meu Deus, carnaval tá chegando, e a secura de frevo junto... E Viva Antônio Maria!


O tempo é inexorável!!!!!!

“São coisas dessa vida tão cigana
Caminhos como a palma dessa mão
Vontade de chegar, e olha eu chegando
E vem essa cigana no meu peito
Já querendo ir cantar n’outro lugar”

Acordei com essa música na cabeça, manhã de domingo, cinco e quarenta e cinco da matina. Sonhei com um amigo que a tempos não vejo. Que nunca foi mesmo amigo, de verdade... Foi uma dor que passamos juntos, e porque dor de gente jovem sempre dói com estardalhaço, criou-se um carinho, esquisito, porque sem profundeza, mas carinho. Ele se casou com uma amiga, amiga de amizade igual, nascida da mesma dor. Mas acho que não estão mais juntos. Sonhei que nos encontrávamos e ele dizia que ela estava em BSB.

Ô velhinha patética tô me tornando. Não cabem mais nos dedos as vezes que desperto na madrugada só lembrando da vida. Dia de domingo, principalmente. Ô coisinha de velho, sô...

Quer mais sintomas? Ontem liguei para a polícia. Foi. Porque num bar aqui quase em frente de casa 'tava uma barulheira infernal de "boyzinho" gritando depois de muitas cervejas. Clara não conseguia dormir. Isso não é coisa de velho, ligar reclamando do barulho?

Também me lembrei de outro amigo que tinha grande amizade nesta casa, e que a amizade ficou esquisita por conta de erros cometidos. Erros sim. Não pretendidos. As pessoas do outro lado não entenderam isso. Ficou uma mágoa esquisita querendo se resolver, que não se resolve. Dói. Dói aí também?

Seguindo a trilha, pensei no colega de faculdade de meu cunhado, que ele encontrou quando levamos as crianças para passear. Que sensação sem pé nem cabeça. O cara era professor, de Física, quando eu tinha 13 anos, e já era velho na época. São tempos estranhos.

Agora vou acordar esse povo para tomar banho de mar, que é o melhor que eu faço. E esse post tá muito chato mesmo.

15 de jan. de 2005

Uai?

Ó só, quem souber responde: o Orkut saiu de férias? Pru mode aqui em casa ele agora só entra quando quer, e ele não anda querendo não, num sabe...

10 de jan. de 2005

Snicket e a Leitora Paupérrima

Mas que safado esse tal de Lemony Snicket? Suas Desventuras em Série já lhe pegam antes que você abra o livro!



"Caro Leitor,

Sinto muito dizer que o livro que você tem em mãos é bastante desagradável. Conta a infeliz história de três crianças muito sem sorte. Apesar de encantadores e inteligentes, os irmãos Baudelaire levam uma vida esmagada por aflições e infortúnios. Logo no primeiro capítulo as crianças estão na praia e recebem uma trágica notícia. A infelicidade segue os seus passos, como se eles fossem imãs que atraíssem desgraças."
(...)


E por aí vai. Isso é o que está escrito na traseira (eu sei que há um nome melhor para esta parte, só não lembro qual é, caramba) do livro primeiro da série, Mau Começo. Comprei ontem, lá na chiquérrima, nunca antes vista, Livraria Cultura, de Recife, que afinal fui conhecer. Comprei também O Saci prá Clarinha, segundo da sua coleção lobatiana (ela já tem o Histórias de Tia Anastácia, que a vó deu). Fui prá boca do caixa com A Cor da Magia debaixo do braço, mas daí lembrei daquela folhinha amarela que é a lista de material escolar da moça, esquecida em outra bolsa, e o deixei na primeira prateleira que vi, antes de cometer mais uma gastação tresloucada. Essa Livraria Cultura é mesmo uma acinte a minha pobreza, aijisus. Graças a Deus, não tinha nenhumzinho livro da Diana Wynne Jones por lá, heheheheh, graças a Deus pelo menos por agora...

O texto da capa de Mau Começo termina assim: "É meu triste dever pôr no papel essas histórias lamentáveis. Mas não há nada que o impeça de largar o livro imediatamente e sair para outra leitura sobre coisas alegres, se é isso que você prefere."

E eu só tenho uma coisa a dizer sobre isso: SAFADO!

7 de jan. de 2005

7 de janeiro é Dia do Leitor!

Hoje é meu dia também!

*Foi a Santa-naomi-dos-site-bão que recomendou esse, viu?

Amélia Cláudia Garcia Colares

De férias, enquanto a meninada bagunçava por aqui, consegui assistir um pouco de televisão em tarde de dia útil: coisa boba, comum, mas que me remete a um tempo em que eu tinha tempo para fruir a vida, o que me deixa feliz, me dá uma paz, não perguntem porque: sou assim mesmo, pequenas simplicidades me satisfazem. No que me deparei com um programa de um radialista daqui de Recife do qual nunca gostei muito, e a entrevistada era ela. Resolvi assistir.



Ela começou a contar coisas legais da sua vida, eu fui escutando. Que saiu de Fortaleza, que 'debutou' no mundo artístico no seu encontro com Vinícius. Que sua família toda era muito ligada a música, que aconteciam muitos saraus na sua casa. Que tinha uma tia que virou freira por imposição familiar, que costuma dizer que era para ter sido cantora. Que teve dois filhos com Zé Ramalho. O cara perguntou se eles era amigos, ela disse que eles se falavam. Ela cantava Elomar desde o tal encontro com o poetinha, e eu não sabia, a trinta anos atrás (ah, era esse o mote da entrevista, os seus trinta anos de carreira artística, neste ano de 2005). Cantou um trecho de Seresta Sertaneza. Vou te dizer. Ela não é mulher bonita não, mas quando abre a boca, fica linda. E a Gal que me desculpe, mas a verdade é que, com a idade, a voz de Amelinha não mudou, diria que está muito melhor, firme, bela e poderosa.

Não resisto a colar umas preciosidades que ela canta. De um tempo em que o Fagner ainda fazia coisa que prestava. Estão de uma coletânea que tenho, Amelinha 20 Super Sucessos, altamente recomendável. Tem também o volume 2, quero comprar.

Santo e Demônio(Fagner / Ricardo Torres)

Sou a avenida cheia
De gente rápida e feia
Sou colorida inteira, concorrida e meia
Sou diariamente a dor que me passeia
A dor que me anseia ser
Particularmente rua

Sou um sol brilhante
De um dia incandescente
Sou luz calor calante
Bruxa de um chão doente

Sou diariamente a dor que me passeia
A dor que me anseia ser
Particularmente, lua

Sou toda gente em mim
Santo demônio em mim
Deus e o diabo em mim
Céu e inferno em mim

Sou diariamente a dor que me passeia
A dor que me anseia ser
Particularmente, tua.


Flor de Paisagem
(Robertinho do Recife/Fausto Nilo)

Teus oio é a flor da paisagem
Sereno fim da viagem
Teus oio é a cor da beleza
Sorriso da natureza
Azul de prata, meu litoral
Dois brincos de pedra rara
Riacho de água clara
Roupa com cheiro de mala
Zoinho assim são mais belo
Que renda branca
Que renda branca
Que renda branca na sala
Quem vê não enxerga a praia
Nós num lençol
Nós num lençol
Nós num lençol de cambraia

Teus oio o fim da viagem
Amor de papel de seda
Teus oio clareia o roçado
Reluz teu cordão colado



Depende
(Fagner/Abel Silva)

O olho por fora,
O dente por dentro:
Meu riso na cara do tempo.
O olho por dentro,
O dente por fora:
Meu riso na boca do vento.
Conheço a cor dos seus cabelos,
conheço a cor dos olhos teus.
É verde, azul, é negro, como uma noite sem lua,
É claro.
Como a frase não dita: é dessa cor.

Depende da cor da tarde morena (Conheço a cor dos seus cabelos)
Depende do amor de minha pequena (Conheço a cor dos seus cabelos)
Depende da cor da tarde morena (Conheço a cor dos seus cabelos)
Depende do amor de minha pequena (Conheço a cor dos seus cabelos)


Aprender a voar
(Beto Mello)

Olhos no chão
Eu vou prendendo os meus papéis pela manhã
Eu vou montando a minha própria solidão
Com os olhos presos na parede
as minhas mãos
vão arrancando em cada corda uma verdade

Essas cordas não mentem
Essas cordas
não sentem o sufocar do tédio e do medo
o sufocar do tédio e do medo

O chão ruim,
o peso dessa melodia aflita
o peso dessa, aflito

Só me resta juntar os restos
Rastejar
juntar os rastros
Rastejar
juntar os restos
Rastejar
juntar os rastros
Rastejar
Até a aprender
Até a aprender
Até a aprender
A voar

6 de jan. de 2005

Viva Tim Maia!

A Festa Do Santo Reis

Hoje é o dia do santo reis!
Anda meio esquecido
mas é o dia
da festa do santo reis!
Hoje é o dia do santo reis!
Anda meio esquecido
mas é o dia
da festa do santo reis!
Ele chegam tocando
Pandeiro e violão
Os pandeiros de fita
Carregam sempre na mão
Eles vão levando
Levando o que pode
Se deixar com eles
Eles levam até os bodes
É os bodes da gente
É os bodes da gente, né


1 de jan. de 2005

Chegou!!!!!!!!!



Que 2005 flua como a música deste poema para todos vocês. Feliz Ano Novo!

Campo
(Cecília Meireles)

Vem ver o dia crescer entre o chão e o céu,
o aroma dos verdes campos ir sendo orvalho na alta lua.

Os bois deitados olham a frente e o longe, atentamente,
aprendendo alma futura nas harmonias distribuídas.

O mesmo sol das terras antigas lavra nas pedras estrelas claras.
Nem as nuvens se movem. Nem os rios se queixam.
Estão deitados, mirando-se, dos seus opostos lugares,
e amando-se em silêncio, como esposos separados.

Neste descanso imenso, quem te dirá que viveste em tumulto,
e houve um suspiro em teu lábio, ou vaga lágrima em teus dedos?

Morreram as ruas desertas e os seus ávidos habitantes
ficaram soterrados pelas paixões que o consumiam.

A brisa que passa vem pura, isenta, sem lembrança.
Tece carícia e música nos finos fios de arrozal.

Em tua mão quieta, pousrão borboletas silenciosas.
Em teu cabelo flutuarão coroas trêmulas de sombra e sol.

Tão longe, tão mortos, jazem os desesperos humanos!
E os corações perversos não merecem o convívio sereno das plantas.

Mas teus pés andarão por aqui entre flores azuis,
e o seu perfume te envolverá como um largo céu.

O crepúsculo que cobre a memória, o rosto, as árvores,
inclinará teu corpo, docemente, em sua alfombra.

Acima do lodo dos pântanos, verás desabrochar o vôo branco das graças.
E acima do teu sono, o vôo sem tempo das estrelas.