31 de mar. de 2005

Fazer o quê...

Saiu o campeão estadual pernambucano de futebol de 2005...
Recuso-me a revelar o nome, vocês descubram por conta própria (vai ser fácil)...
Pelo menos meus sobrinhos ficarão felizes, aqueles tricolorezinhos chatinhos...
Mas que coisa ridícula é a alegria alheia. De são consciência, eu jamais acharia normal ficar escutando narrações de gol seguidas do hino do meu time... O hino até vai, mas a narração fora de jogo... É isso mesmo, hoje estou péssima...

30 de mar. de 2005

Amor com Dinheiro se Paga

Apesar do título, não acreditem que sou contrária ao que este rapaz alega. Mas o fato é que a idéia, a princípio, me assusta. Enfim, assim é o tempo que protagonizamos. O segredo em vivê-lo é que urge descobrir...

"Recurso do pai condenado por abandono de filho será decidido pelo STF
(Família - 16.03.2005)


Por haver discussão de matéria constitucional, o recurso de um pai que foi condenado a indenizar o filho por abandono será apreciado pelo Supremo Tribunal Federal. A decisão é da 4ª Turma do STJ, que atendeu pedido da defesa do pai.

O caso que reconhece dano moral por abandono paterno é o segundo no País e teve origem em Minas Gerais. O direito à reparação financeira foi estabelecido em segunda instância. Em primeiro grau, o juiz entendeu não haver a comprovação do dano ao filho.

Caso semelhante já havia acontecido, poucos meses antes, na comarca de Capão da Canoa (RS). A sentença de procedência da ação de filha ajuizada contra o pai não foi atacada por apelação - e reansitou em julgado.

No caso mineiro, o Tribunal de Alçada reconheceu que o abandono trouxe dano moral, psíquico, que poderia ser reparado, de forma simbólica, com o pagamento de indenização. O jovem deixou de conviver com o pai quando tinha seis anos, em razão da separação matrimonial entre os progenitores. Sempre recebeu pensão alimentícia, mas alegou que "só queria do pai o amor e o reconhecimento como filho".

A ação baseou-se, entre outros, em princípios constitucionais, especialmente o artigo 227 da Constituição Federal, que estabelece como "dever da família assegurar à criança e ao adolescente, (...) , o direito à convivência familiar". O valor da reparação foi o equivalente a 200 salários mínimos (hoje, R$ 52 mil), atualizados monetariamente.
"

Leia completo aqui.

Agora sim, BBB

Causas Nobres - Na página do BBB, consta uma mini-entrevista com os participantes. Disse o vencedor (em resposta a pergunta O que você vai fazer com o prêmio de R$ 1 milhão, caso vença o programa?):

A primeira coisa que vou fazer é produzir uma peça de teatro, coisa que prometi para uma amiga minha, que é atriz. Pretendo comprar meu próprio apartamento, uma casa para minha mãe e também investir na área de cultura, em projetos que possam gerar muitos empregos. Mas o mais importante é aproveitar esta exposição para promover minha carreira como escritor. Estou com dificuldade para reeditar meu primeiro livro e queria muito lançar um segundo.

O Jean é escritor, tá explicado. Será que presta? O tempo dirá.

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"Os Inacreditáveis surgiu porque eu os observava e pensava que era inacreditável eles estarem tramando aquilo tudo. Qualquer pessoa sabia que não ia dar certo." Da editora-chefe do BBB5, Fernanda Scalzo. Aqui.

Uma das coisas mais legais para mim no programa deste ano foi a série animada criada pela produção, Os Inacreditáveis. Boa sacada, além do mais crianças e adultos gostavam (sim, sou uma mãe relapsa, Clara via BBB, mea culpa, mea maxima culpa...). Não consegui imagens dela na rede, queria colar aqui. Em minha opinião, a brincadeira foi um dos principais fatores para o sucesso de audiência do programa, um dos melhores dentre os cinco já produzidos.

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Outra fala interessante da moça: "Nós combinamos as pessoas, mas não sabemos o bicho que vai dar entre eles.". Ou seja, embora seja mera probabilidade, sou levada a crer que é considerada uma certa previsão dos resultados da interação entre as pessoas na processo de escolha dos participantes. Coisas como, juntar gente com valores possivelmente opostos, com possibilidades de confrontação (rapazes fortinhos ligados a malhação, moças classe-média preocupadas em ser 'miss', homossexuais intelectualizados, moças de periferias pobres, etcs...), para ver no que dá. Não deixa de lembrar um laboratório comportamental...

Sobre o assunto, ainda, leiam o Bial, em sua avaliação da quinta edição: "o que ocorreu nesta última edição foi a formação logo de cara de uma dupla – Rogério e PA – que provocou uma explosão dentro da casa. A eles se juntaram Giulliano e Alan e a partir de então a maioria se uniu em torno de um líder carismático, que era o Doutor Gê, contra um só inimigo, o Jean. Mais do que preconceito, foi uma clara demonstração de homofobia.".

Muitas dúvidas surgem diante desta colocação. A primeira, preconceituosa, mas que não posso negar: será que o Bial é gay? Péssima, eu sei. Ademais, cosnta que ocorre o contrário quanto a ele, seria até mulherengo. A segunda: fica clara a simpatia do Bial pelo Jean. As matérias todas do site falam em "vitória da ética" ao se referirem ao Jean. Todos sabemos que o Bial não é apenas um apresentador de programa, é um artista/intelectual relativamente completo, é jornalista, poeta, escritor, cineasta. Fico a me perguntar até que ponto ele influencia nos destinos do programa. É fato que muitíssimas vezes houve a aparência de facilitação para a trajetória do Jean no jogo, como na prova que exigia conhecimentos de cultura geral, em que foi líder em momento decisivo. Pergunto-me se não houve a intenção da Globo em fazer vencer um participante que pregasse princípios de boa conduta, éticos. Estou especulando, meramente. De toda maneira, se for assim, melhor que seja desta forma. Se for para manipular, que seja para uma finalidade nobre. Mas como meu cérebro nunca pára, vem a dúvida suscitada pela máxima: os fins justificam os meios?

Gostei



Fofo o logo do Google hoje. Clicando nele, na página, sai as consultas do buscador sobre o pintor Van Gogh. Pensei até que hoje seria alguma data comemorativa (nascimento ou morte), mas nada encontrei. Gostei da iniciativa. Peguei a mania dos logos do Google com a Bruna, que também postou. Sobre Jean Wyllys falo já já.

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Update - Van Gogh nasceu em 30 de março de 1853. Daqui.

28 de mar. de 2005

Suspenso

Tiraram o Portal Detonando do ar. Uma pena, principalmente agora que faltam apenas alguns meses para sair o novo livro da série Harry Potter, e foi lá no Portal que muita gente obteve as famosas cópias traduzidas por fãs no período que intermediou o lançamento do último livro, HP e a Ordem do Fênix, em inglês, e a saída da versão em português. Além de livros como o Código da Vinci, que eles tinham, e Anjos e Demônios, segundo soube, e que eu esperava baixar (o último, o primeiro eu já o fizera)... Agora nem-nem...

Segunda Sizuda

Entrei no Ig em busca das futilidades da vida para compor o post nosso de cada segunda, mas me deparei com essas duas notícias. Desse jeito, fica difícil comentar a saída do Alan do BBB, a invisibilidade do Ronaldinho no jogo da seleção ontem de tarde, ou a chegada triunfal de Pink a terra natal. A musiquinha infantil avisava: "de dia tá quente/de noite faz frio"... Vida louca vida...

23 de mar. de 2005

Velhinhos



Se não estou louca ou surda, deu no Jornal Nacional de hoje que, apesar do Brasil ter uma população de apenas 2 milhões de velhinhos com mais de oitenta anos, a previdência tem 3,5 milhões de velhinhos cadastrados como beneficiários nesta faixa de idade. Ou seja, tem um milhão e meio de velhinhos brincando de esconde-esconde por aí. Velhinhos danados...

ps.: não estou louca, tó 'qui, ó.

Muitos ovinhos, muitos ovinhos!



Tô eu e o coelho maluco da Alice, correndo. Mas não posso deixar de desejar Boa Páscoa para todo mundo que lê o Maio! E não exagerem no chocolate, crianças!

21 de mar. de 2005

Dan Brown na berlinda

*** Atenção, contêm spoiler, se você não leu o Código está avisado ***



Um debate se realizará na Catedral de Manchester, nesta segunda a noite, entre teólogos e Dan Brown, autor de O Código da Vinci, sobre o falado livro.

Acerca do assunto, digo apenas uma coisa: fiquei bem animadinha com as teorias conspiratórias de O Código, mas depois de ler Decodificando Da Vinci, de Amy Welborn, em que ela combate a tese de Brown com argumentos coerentes e embasados, confesso que de certa forma o encanto se quebrou. Não me declaro totalmente "desconvencida" das idéias "profanas" apregoadas por Brown, como a de que Jesus foi casado com Maria Madalena, porque não é de meu feitio acreditar nas coisas que todos repetem, mas que fica difícil discutir com as colocações da moça historiadora, fica.

Queria estar neste debate.

Ainda: ridículo essa da igreja desaconselhar a leitura do best-seller. Porque a igreja sempre faz esse tipo de contra-propaganda de si mesma? Falta de bons marketeiros?

Dia do Blogeiro

Foi ontem, mas eu não sabia, não peguei em micro no domingo. Prá comemorar, leiam o Branco Leone, com sua safra de posts por encomenda. As duas primeiras (sobre blogs e blogueiros, blogueiras, para ser mais exata) estão impagáveis.

Segunda-fútil

Começo o Segunda-fútil dizendo que sei que anda meio abandonadinho o Maio, por problemas de acesso e de tempo. Estou em pré-período de provas, e essa semana é feriado, cês sabem. Não prometo muita atualização, portanto...

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Ah, que coisa, não vi o paredão de ontem. Deve ter sido bão. Agora vai esquentar o BBB, que andava morno, morno: Jean e Pink na parede. Acho que dá o Jean, com aperto... Li agora no site da Globo que o Jean falou de novo em preconceito, mas
creio que dessa vez não vai colar...

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Mas as pessoas fazem tudo, tudo mesmo para aparecer nos dias de hoje. Olha a palhaçada: aquele figurinha do Marcos Mion (que homenzinho insurpotável) levou o cachorrinho pro seu próprio casório (com uma criatura que desconheço, uma tal Suzana Gullo).

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Acho feio julgar os outros, mas o fato é que não consigo achar normal essa idéia apresentada ontem no Fantástico, sobre as técnicas mais recentes de retardamento da maternidade, pela qual a mulher que está chegando à idade-limite para engravidar (segundo a reportagem, 35 anos) pode congelar seus óvulos para uso no momento em que encontre um parceiro (já que homem anda difícil, isso é verdade, gente). Tive problemas para engravidar (antes dos 30) e sei que é injusto da minha parte sentir assim, mas é fato.

São tempos esquisitos. Outro dia li uma reportagem sobre o problema da distribuição populacional na China. Lá, o controle da natalidade, que impede as pessoas de terem mais de um filho, levou a um aumento considerável do número de homens, já que começaram a ocorrer muitos abortos e mesmo infanticídios nos casos em que os bebês eram meninas, por razões culturais, ligadas a valorização excessiva do sexo masculino. O governo já começa a preocupar-se com os índices de criminalidade e a possibilidade de formação de grupos revolucionários, porque sem mulher ao lado, é sabido, o homem só pensa em exercitar a testosterona...

Mas o caso lá é diferente daqui, onde o governo não está nem-nem para o problema da natalidade. Os machinhos do Brasil é que só pensam em ficar no bem-bom da casa da mamãe e na vida de de farras, não pensam em perpetuar a espécie (onde foi parar o instinto natural da prevalência das características genéticas que tanto estudamos no ginásio, pessoas?). E as mulheres também, cá entre nós, não querem mais saber de muito compromisso não... Claro, tudo isso também vem da crise financeira. Tudo bem que a vida anda difícil (e eu que o diga, por isso também ainda não tive o segundo filho - e já sei que vou ouvir depois deste post), mas isso das pobres meninas precisarem fazer como a música entoa ("o que é bom tá guardado/o que é bom tá guardado") é demais ...

Nossa, isso dava um post individual, me empolguei... Ademais, não tem nada fútil no que escrevi , tem? Só mesmo uma ou outra abobrinha...

Foi daqui que veio o mote... E sobre os chineses, leia aqui.

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Relaxando. Sabem qual o nome da cachorra da minha empregada (da cachorrinha que ela cria mesmo, gente, sem duplo sentido, trata-se de um huskie, ou husky, - sei lá o certo, achei os dois no Google - siberiano; digo, talvez não tão siberiano assim): Cicarella. Não sei se com um ou dois "l", mas vou sugerir com dois.

18 de mar. de 2005

Daniel Boone

Essa música até faz melhorar meu dia...

Clica aqui para ouvir...



Culpa da Lu, que me fez lembrar dele essa semana... Eita, que eu gostava disso...

15 de mar. de 2005

Pros não-pernambucanos, obviamente

Vivo recebendo dicionário de pernambuquês, nordestinês, por email, nem os leio mais. Só que achei aqui, bããããão! Vale ler. Olha a amostra:

Acochado – Destemido, valente
Afolozado - Folgado
Aí dento – O mesmo que “vai te lascar”, “Vai te foder”
Avia – Apressa, agiliza (Avia logo com esse serviço, menino!)
Boga - Cu, ânus
Borrego – Filhote de cabra
Cabrita – Menina-moça, moça sapeca
Corta-jaca – Intermediário de namorados
Cu-de-ferro – Diz-se da pessoa dedicada, estudiosa
Fuleiro – Usa-se para classificar objeto sem valor ou pessoa que não cumpre o prometido;
Goga – Empáfia, soberba
Góia – Resto, ponta de cigarro
Lambisgóia – Mulher magra, esquelética; mulher namoradeira
Pacaia – Cigarro feito com palha e fumo de rolo
Pindaíba – Estado de pobreza
Nebrina - Sereno --------- aqui meu aparte: todo mundo sabe que é sereno? É o friozinho da manhãzinha cedo, ou da noitinha. As mães gritam: "menino, sai desse serno senão você fica gripado!"
Timbugar – Mergulhar na água de um rio ou açude
Tinindo – Estado de perfeição (depois do conserto, o trator ficou tinindo, até parece novo)
Vuco-vuco – Casa que comercializa objetos usados ------ novo aparte. Vuco-vuco, no Recife, se chama ao centrão antigo da cidade, na área da Rua das Calçadas, Rua Direita], e por ali vai...
Xêxo - Calote

Do Pernambuco de A/Z

Uai

Parece que o pessoal de marketing do Submarino não entende muito de anos 80. Hoje recebi de lá um email promocional cujo título era assim: "Anos 80: reviva a época da brilhantina". Até interessante a proposta, tratava de produtos que se reportam a década de 80. Deve ter sido feito por algum menino de 20 anos, entretanto, penso eu. . Pru mode até onde sei brilhantina foi moda mesmo, e assim era chamada, nas década de 50 e 60. E se ainda continuou muito usada, virou gel a partir da "mudernidade", digo, a ultimamente tão cantada e decantada década de 80, que vivi, falo com ciência pois. A confusão provavelmente se deu em razão do filme do Travolta, com Olivia Newton-John, de 78 (ou seja, nem década de 80 era ainda), Grease, que aqui no Brasil ganhou o sub-título "Nos Tempos da Brilhantina. Isso porque o musical se passa na década de 50. Esses meninos bem podiam se interessar mais o pouquinho sobre aquilo que fazem, ver uns filminhos (Grease é ótimo), ler o blog da titia para irem aprendendo...


Condenada e Condenados

A TELEMAR, por trabalho degradante, em ACP (Ação Civil Pública) impetrada pelo Ministério Públco do Trabalho no Rio de Janeiro. A indenização de 24 milhões, por dano moral coletivo determinada pelo juiz Bruno de Paula Vieira Manzini, da 2ª Vara do Trabalho de Petrópolis, uma das maiores já fixadas no Brasil para dano moral. Lido aqui.

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Por homicídio do policial civil Walter Ayala o ex-deputado federal e Coronel da PM Hildebrando Pascoal, após passar pelo Tribunal do Júri de Brasília. Pena de 25 anos, mas Hildebrando está preso desde 1999, já são 6 anos, logo não deverá passar tantos anos mais na cadeia diante das benesses de nossa legislação penal. A Hildebrando também se atribui mais de 60 assassinatos, além de formação de quadrilha, tráfico de drogas e roubo de cargas. Leio no Espaço Vital: "O bando era conhecido pela crueldade com que executava suas vítimas. Algumas tinham olhos e língua arrancados, ou membros cortados com motosserra".

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Quarenta e cinco imigrantes indonésios, bengalis, tailandeses e chineses, na Malásia, por trabalho ilegal. Os condenados receberão entre uma e duas chicotadas (!). Também lido no Espaço Vital.

14 de mar. de 2005

Segunda-fútil

Quase não sai esse Segunda-fútil de 14.03.2005. Está pobre de bobagens e muito séria a segunda-feira. Não dá para se muito fútil no Dia da Poesia! Vejamos o que temos:

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Essa é mesmo de abestelhar qualquer um, e vou te dizer, acreditem se quiser: ainda antes de ontem eu conversava com meu marido sobre por onde andaria o Clô. Pois não é que a bicha já reapareceu? Taí, ó! Clô estará na G Magazine, poooooddddeeeeeeee? Quem vai querer ver essa criatura nua, pelamordedeus!

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O final de Senhora do Destino ficou bem aquém do esperado, vocês não acharam? Eu achei. Fraquinho, embolado, acho que a fama subiu à cabeça do Aguinaldo Silva (diretor do folhetim). Tem mais: a audiência podia ter sido melhor... Ridícula aquela de colocar a Naza em assentamento sem-terra, péssima! O cúmulo da mentira também foi o roubo do bebê, onde que aquela cestinha rosa não ia chamar a atenção da matutada, gente? Até a Naza se auto-entitulando "raposa loura" foi péssima... Fora a palhaçada do casamento da "anta" nordestina, qual é... Mais ridículo ainda o Pink e Grazzi chorando com a novela, que foi aquilo...

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E hoje começa a nova novelita das oito, certo? Vamos ver no que vai dar...

Dia dela

Hoje é dia da poesia, descobri entrando no BBB pra saber quem está no paredão (a propósito, Alan e Karla). Os BBB´s passaram os últimos dias a declamar poemas, prova do Big Boss. Eu não vi, mas gostei da idéia.

Sobre ela, uma de que gosto muito, do Drummond:

Procura da Poesia

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou dor no escuro
são indiferentes.
Não me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem de equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem, rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.


É isso. Viva Drummond. Bom dia para vocês.

13 de mar. de 2005

Três filmes com a letra A

Venho de um relativamente longo inverno de algumas semanas, em que praticamente não assisti a nenhum filme salvo o I am Sam comentado aqui a uns dias. Então esse final de semana posso dizer que foi ensolarado, com os dois filmes que rolaram.

Ontem foi o levíssimo e interessante Alguém tem que ceder. Muitas pessoas já haviam me indicado esse filme, do gênero comédia romântica de que tanto gosto. Acho que o filme é um pouco mais que isso. Digamos que quer ser um filme-cabeça, mas só quer "parecer querer ser" mesmo, não quer mesmo-mesmo ser, apenas tem uns insights. O clássico desfecho "final feliz" considerei bem menos emocionante do que merecia ser, dentro que se espera para o gênero: é insosso. Entretanto há lances legais (nossa, que coisa mais Dudu França de se dizer), como o romance que acontece entre a protagonista, Diane Keaton, que interpreta uma dramaturga de sucessoporém sem êxito no amor, e um homem mais jovem. Além do médico gatíssimo, Keanu Reeves, que fica tarado por ela, também está na história Jack Nicholson, claro. A trama tem como gancho o enfarte de Nicholson, que é namorado da filha de Diane e nunca se relacionara com uma mulher de sua idade, mas acaba por ela se apaixonando. Diane, por sua vez, acaba preferindo o pap-anjo em lugar do gatíssimo. O infarte mexe com o comportamento normal de Nicholson, que passa a chorar e desmaiar toda hora, além de conseguir dormir melhor e passar a interessar-se por "panela velha que faz comida boa". Um parênteses, antes de mais nada: devo dizer que reconheço serem os dois atores principais tipos que interpretam sempre o mesmo personagem. Ocorre que sou enjoada com o Nicholson mas morro de amor pela Diane, desde o tempo em que ela andava engafinhada com Woody Allen. Voltando ao filme, sobre o qual não incluirei aqui mais nenhum spoiler (perdoem os que não viram e leram): gostei de quanto ele trata ainda que levemente sobre a questão da maturidade masculina, mostrando que ela pode realizar-se, mesmo que tardiamente e em casos considerados perdidos.

Também falando sobre processo de maturidade, porém de forma muitíssimo mais profunda, pesada, e difícil de se ver, foi Aos Treze, que acabei de assistir a pouco. Bem mais marcante, porém. Pode ser considerado bastante batido o tema (o problema das drogas e da sexualidade precoce na adolescência dos dias de hoje) que esta estréia da diretora Catherine Hardwicke vem trazer, entretanto me pareceu bem genuína a intenção claramente didática da diretora de mostrar com todos os pingos nos is como este processo se dá. Desestruturação familiar é o grosso do caldo, na lente de Catherine. Excelente, quem tem filhos deve ver, quem não tem também. Holly Hunter está muito, muito bem, no papel da mãe problemática, desorientada, totalmente perplexa, mas a estrela para mim foi mesmo Evan Rachael Wood, que protagoniza o enredo. A foto abaixo é de uma das melhores cenas do filme, sem dúvida: todas as máscaras caem, mãe e filha se encontram na dor. Muito atual a pespectiva lançada sobre o tema, e muito crua também, real, autêntica.



Quanto ao terceiro filme, trata-se de O Alfaiate do Panamá, que não vi porque apenas lembrei que ia passar na Globo tarde demais: iam pela metade ambos, ele e Alguém tem que ceder ao recordar-me. Depois me contem como é. Eu sei, eu sei, falaram-me mal dele, continuo curiosa entretanto.

12 de mar. de 2005

Minha terra tem palmeiras

Onde cantam bemtevis. Há muitos bemtevis em Recife. No pé de mulungu que há ao lado da minha varanda tinha um casal de rolinhas que por alguns anos vinham sempre ficar sob as folhas no inverno. Outro dia chovia, e vimos apenas uma, trêmulazinha de frio. Perguntamo-nos se seria uma daquelas que nos visitava sempre.



Acho que posso mais ou menos resumir como sinto como é Recife no que escrevi um dia:

Bom dia III

Cinzotunarmente,
desperta o dia.
Os insones adormecem.
Primeiras bicicletas
comandam a neblina.
Ladrares, cantares, motores.
Veículo que utiliza
- útil dia –
corta a brisa.
Solidão de caminhante.
Profusão de passarinhos.
Difusão de luz na nuvem,
bandeirolas iluminadas,
bandeirolas dançarinas.
Passa o cantor da matina,
passa o cãozinho e seu dono.
Vingou a manhã:
bom dia.


Feliz aniversário, cidade linda.
Felicidades, cidade irmã, Olinda.

Completo, pedindo: leiam a coluna do Samarone, cronista do JC. Merecida homenagem à cidade.

11 de mar. de 2005

Comprou briga...

... o César Maria com sua campanha atacando o governo Lula. Taí no que deu. Para mim ao menos é o que parece.

9 de mar. de 2005

Aberta a temporada de caça



Com a divulgação pela editora da Rowling (nunca mais entrei nesse site, não sei a quantas andam as "portas da percepção", nem nunca mais fui a comunidade do Orkut que me abastecia de novas, a Grimauld Place, nº 12) das capas do novo livro de Harry Potter, HP and the Half Blood Prince, entra em polvorosa mais uma vez o mundo dos pottermaníacos, e eu junto. Nunca vi marketeiros tão bons como esses da Bloomsbury, da Warner, sei lá de onde... Deixam-me apatetada, esse povo, afe...

Vocês não adoraram essa capa da versão adulta que a editora britânica lançará? Sou louca por elas, as versões adultas, um dia terei dinheiro para comprá-las todas, se ainda existirem (devem ter tiragem limitada). Para animar um pouco o Maio, que ultimamente anda muito só letrinhas, postei a foto... Ah, e esse livro aí da capa, parecido com o diário de Tom Riddle, o que significará?

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Update - Quem quiser ver a foto da capa comentada clique aqui. Os nomes do livro e do autor podem ser lidos.

Minha flor, meu bebê

Adivinhem meu presente do Dia Internacional da Mulher? Não foi rosa, nem cartão, foi coisa muito melhor... Vai no MaisEna e descobre...

8 de mar. de 2005

Post Mulherzinha

Como genuína mulher do século XXI que sou, no Dia Internacional da Mulher não tive tempo prá quase nada a não ser trabalho, muito menos para blogar. Agora, 16 horas e 58 minutos, abro o Blogger e estou diante da tela vazia. Pensei um pouco antes no que dizer, abri alguns sites. Cá me encontro, entre desconexos pensamentos mil.

Logo cedo, no meio da maremoto do dia, pensei em não postar nada. "Prá quê?", pensei. Não tenho esse hábito de comemorar tudo aqui no blog. Ademais, até a pouco ninguém tinha me dado ainda os parabéns. Ah, sim: a dois dias atrás minha filha disse que iríamos fazer uma festa de noite, eu, ela e a tia. Eu, seca, expliquei sem perda de tempo que Dia da Mulher não é como Natal, Ano Novo, Carnaval ou Páscoa, aquele auê. Coitadinha da minha filha, depois preciso reparar o malfeito. Não vai ser difícil : a inocência ainda prevalece em sua cabecinha.

No meio da tarde, ganhei um chocolate e uma folha de papel com um texto. Bom, hummmm, o chocolate. Legal o texto. Bem melhor do que esperaria. Alguém me lembrou de um tempo em que haviam algumas comemorações das datas festivas aqui no trabalho. Era o tempo em que eu gostava de organizar coisas assim, antes de enjoar, de ser enjoada pelos fatos. Era eu que organizava aquilo que a pessoa lembrou. Fiquei feliz.

Primeiro pensei em postar uma música. É, música ou poema é legal. Se você achar um bom; e é rápido. Vieram duas a mente: uma péssima, do Erasmo Carlos, que ele fez para a esposa, na época. Não, coitada, não era tão mal,a canção. Mas não era o que eu queria. Lembrei outra, que adoro:

"Tu és mulher
Tu és um ser
Que pode ser mais do que é
Um passarinho fruta qualquer
Pode ser doce
O fel até

Pode não ser como quiser
Mas serás a guerra e a paz
Serás o bem e não será demais
O mal me quer
Ser se quiseres
"

Fagner. É bonito, né? Mas não gostei muito do final da letra. Deixa prá lá.

Entrei no Google, minha musa inspiradora preferida (vai musa, muso acho que não existe, logo o Google é minha "ferramenta de busca" preferida, heheheheheheh). Achei isso. Ó, que bonitinho.



Por fim, nada mais 'mulherzinha' que Avaliação de Peso Ideal online, correto? Eu adoro. 99% das mulheres adoram. Que mal há? Só não foi muito bom o resultado: descobrir que estou no limiar do peso ideal para a saúde, no limiar do IMC ideal. Nunca, jamais confessaria o peso, o IMC. É assim, nada mais mulher que isso. Conforme-mo-nos.

Essa frase última levou-me a uma idéia idiota: "ser mulher é conformar-se". Mas sei, no fundo de meu mau humor, que não é. Estou lendo um livro incrível, sobre mulheres incríveis. Paula, Isabel Allende. Leiam. Este é um verdadeiro presente, garotas, não esqueçam.

Bom, mas deixemos de lero-lero, que o dever me chama. A sirene toca. Farei jus ao meu salário, afinal, foi prá isto que tantos lutamos, quá-quá-rá-quá-quá. Sejam felizes, mocinhas, meninas, velhinhas, quarentonas, trintonas. Ser mulher é massa e não troco por nada.

7 de mar. de 2005

Indignada

É assim que a gente fica quando lê uma coisa dessas:

"Ao tentar entrar no supermercado, fui abordado pelo vigia, que não me permitiu entrar. Naquele momento me identifiquei como juiz de Direito e ele me disse que eu poderia ser juiz lá no foro, mas ali eu não iria entrar. Depois de alguma insistência, o gerente veio e permitiu minha entrada. O vigia me acompanhou e me destratou algumas vezes enquanto me dirigia às compras. Tentei chamar a Polícia e o adverti que poderia mandar prendê-lo. Em seguida houve um bate-boca e a arma acabou disparando acidentalmente".

Depoimento do juiz que assassinou um vigia de supermercado em Sobral, Ceará. Publicado no Diário do Nordeste, segundo o Espaço Vital

Conforme prometido

"Se um dia acordar invocado, mudo para João Alfredo e passo a blogar de lá.
A vida real está longe de Brasília, muito longe.
Ou melhor: Brasília tem vida real, mas ela se manifesta pouco na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes.
O que se passa nesses dois lugares é pura encenação, puro teatro, embora destinado a produzir graves consequências na vida de todos nós - para o bem ou para o mal.
É tudo ensaiado para interessar à mídia - e, por meio dela, ao distinto público. Cada um conhece bem o seu papel. Como a mídia não gosta ou não quer comer poeira, contentem-se, pois, com o espetáculo do poder - mas saibam que ele não passa de um espetáculo.
A Broadway é aqui. Uma Broadway menos glamurosa, mas uma Broadway.
Escrevo sobre as peças em cartaz desde que aqui cheguei em 1982.
Mas gostaria mesmo era de escrever sobre os pobres circos de lona rasgada, o mamulengo, o reizado, a cavalhada.
Gostaria de resgatar o jornalismo do corpo-a-corpo com pessoas simples que dizem o que de fato pensam e que falam sobre as coisas como elas de fato se lhes parecem.
Notei que muitos de vocês ficaram chocados com o Severino que se exibiu por inteiro em João Alfredo no último fim de semana.
Tenham paciência com ele.
Severino é o político típico do Brasil que o Brazil finge desconhecer. Ou finge que não existe. Ou não conhece.
Nós, jornalistas, fomos incapazes de esboçar até aqui pelo menos um perfil razoável de Severino.
Quem o fez foi ele próprio quando falou para seus eleitores na noite do último sábado (vejam, abaixo, a nota "Arraial do Severino: E ele conta tudo!")
Mas relaxem as almas mais sensíveis e aqueles que Severino chamou de "intelectuais da imprensa".
O Severino de João Alfredo cederá a vez ao Severino da Praça dos Três Poderes, o substituto do presidente da República na ausência do vice.
Está sendo treinado para isso, como tantos outros foram. E daqui a pouco estará à altura do Brazil.
Mr. Bill Cavalcanti vem por aí.
"

Mandou ver o Noblat...

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Update - Sei que vocês devem estar de saquinho cheio com as aventuras do Noblat em João Alfredo. Mas o causo é que não posso deixar de comentar o relato que ele fez do discurso de Severino. Imperdível!

Segunda-fútil

Afanada do delicioso-como-o-nome Drops da Fal: o pessoal do Pânico disse a frase definitiva sobre o casamentório mais-falado-de-2005-até-agora (Ronaldo e Dona Cica): "Se era pra dar barraco, pra que ir casar num castelo?"

QUÁQUÁRÁQUÁQUÁ!!!!!!!!

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Afanada 2 - Do Marcelo, que leu no Ancelmo (O Globo): Outro dia, na Praia do Forte, em Cabo Frio, RJ, um guri fazia pirraça quando a mãe berrou: "Quieto, senão chamo a Nazaré pra te pegar!"

Rapaz, essa 'gostosa' vai ficar prá história!

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Leio agora de novo no Marcelo (ê, ladrona), que a Cica tem seis dedos. Adivinhem quem descobriu: o Vesgo. Ô, coitada, o que vão pegar no pé da pobrezinha agora...

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Ó, senhor, livrai-me do desejo de comer os bem-casados que o rapaz da Xerox vende, livrai-me...

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Semana passada tivemos aqui em Recife o concurso de Miss Pernambuco. Sinceramente: fazia tempo que não tinha visto tanta mulher feia junta. Veja se eu não digo a verdade (vejam antes que apaguem a página, porque a chamada principal já voou do DP). Parece que o fato de ser um concurso de beleza realçava mais ainda o péssimo gosto que transpareceu na escolha das "misses". Talvez seja porque o evento está tão em baixa : as garotas bonitas preferem ser modelos, rainhas, princesas do Carnaval, e similares. Daí só sobram mesmo as 'menos bonitas', digamos assim, para sermos mais simpáticos. Uma emissora local transmitiu o concurso, de um clube antigo e tradicional de Recife, o Internacional, que está em franca decadência como quase todos os clubes tradicionais daqui, aliás. É aquele mesmo onde o Severino Cavalcanti se reuniu com seu povo sexta-feira. Durante a transmissão, de uma janela se via os ônibus passando na Benfica, patético... Ô gente, né por isso que essa figuras como o Noblat postam essas maravilhas sobre nós? Mas como diria Juraildes da Cruz: 'Nóis é Jace mas é Jóia'. Ah, a propósito, o comentário aí sobre o Noblat não é sinal de que eu não tenha feito as pazes com ele. Gostei muito do aparentemente conclusivo post de sua epopéia em João Alfredo. Vou reproduzi-lo mais adiante...

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votou na Mulher-Maravilha?

Foi prá galera...

... a Gol, com esse lelê das grandes compainhas aéreas. Vai fazer promoção. Aconselho a quem quiser que corra atrás, ano passado perdi uma que eles fizeram nos mesmo moldes. Aproveitem!

6 de mar. de 2005

A Vida imita a Arte... não, a Novela

O povo brasileiro definitivamente vê novela demais. Amanda devia estar acompanhando os últimos capítulos de Senhora do Destino, onde a Naza vinha planejando o sequestro da sua "neta falsa", tendo ontem começado a executar o dito. A Naza teve uns ataques de gravidez psicológica a bordo do taxi que seguia para a maternidade, depois pagou uma bufunfa prá uma enfermeira, transformou em múmia uma outra que apagou com alguma coisa que devia ser cheirosa e seguiu para o espelho, chamar a si mesma de "gostosa", pela milésima vez. Poderosa. A novela acabou ela azucrinando a primeira roubadinha na mesa de operação, findando com o reconhecimento e o desmaio da recém-parida. A Amanda não deve ter visto, certo? Teve outras ocupações...

5 de mar. de 2005

I am Sam

-Fã que se preza dos Beatles;
-chorona de cinema inveterada;
-mãe dessas coruja e com alguns pequenos complexos de culpa...

... eu tinha que me apaixonar por esse filme.



Sean Penn tá prá se lascar de bom. Mas que titulozinho ridículo ganhou no Brasil, não? Ah, a cena mais linda é aquela em que ele vai visitá-la na casa dos novos "pais" e está tocando You´ve Got To Hide Your Love Away. A frase mais linda : "Você é o vermelho nos quadros dela."

Chorei prá valer, pessoal.

Valeu, Naomi!

A festa sobre a festa II

Uma coisa que me surpreendeu, lendo o último post do Arraial do Severino, é o ar de ingenuidade misturado a ineditismo com que o Noblat descreve os "dotes de palanque" do Severino Cavalcanti. Uai, nunca leu Jessier Quirino não, foi?

Comício de Beco Estreito

Pra se fazer um comício
Em tempo de eleição
Não carece de arrodei
Nem dinheiro muito não
Basta um F-4000
Ou qualquer mei caminhão
Entalado em beco estreito
E um bandeirado má feito
Cruzando em dez posição.

Um locutor tabacudo
De converseiro comprido
Uns alto-falante rouco
Que espalhe o alarido
Microfone com flanela
Ou vermelha ou amarela
Conforme a cor do partido.

Uma gambiarra véa
Banguela no acender
Quatro faixa de bramante
Escrito qualquer dizer
Dois pistom e um taró
Pode até ficar melhor
Uma torcida pra torcer.

Aí é subir pra riba
Meia dúzia de corruto
Quatro babão cinco puta
Uns oito capanga bruto
E acunhar na promessa
E a pisadinha e essa:
Três promessa por minuto.

(...)

E terminada a campanha
Faturada a votação
Foda-se povo, pistom
Foda-se caminhão
Promessa, meta e programa...
É só mergulhar na brahma
E curtir a posição.

Sendo um cabra despachudo
De politiquice quente
Batedorzão de carteira
Vigaristão competente
É só mandar pros otário
A foto num calendário
Bem família, bem decente:

Ele, um diabo sério, honrado
Ela, uma diaba influente
Bem vestido e bem posado
Até parecendo gente
Carregando a tiracolo
Sem pose, sem protocolo
Um diabozinho inocente.

(Jessier Quirino)


Você lê esse inteiro aqui.

4 de mar. de 2005

A festa sobre a festa

Noblat está fazendo a festa com a festa do Severino Cavalcanti, em sua primeira vinda a Pernambuco após a eleição para presidente da Câmara. Podia estar sendo muito boa a cobertura - esperei que assim fosse quando li sobre o blog coisas como tratar-se de "um blog sobre política de excelente qualidade editorial"(1 ). Aliás, a princípio eu até achei graça, confesso. Muito menos estou discordando de que é um "blog sobre política de excelente qualidade editorial". Pode até ser que seja: ainda não li o suficiente e não quero ser precipitada. Mas me parece que o Noblat não está conseguindo perceber o tipo de preconceito que insufla quando faz comentários como "Entre uma sala e outra, há um móvel com o que existe de melhor na casa: um potente equipamento de som Aiwa, um aparelho de tv a cores de 20 polegadas, um litro de Old Eight e uma garrafa de cinco litros de um espumante chamado Piagentini". Referindo-se a um cabo eleitoral do Severino. Leiam os comentários, por favor. Até aí tudo mais ou menos bem, afinal, já diz o povo, quem aos porcos se junta, farelo come. Outra: "A oficina fechou porque Nego Di foi almoçar em casa e descansar um pouco. E o quico? A única explicação plausível para mim é que Noblat quer fazer graça com o nome do tal fabricante de portões. Além do mais, prá que, senhor, estará ele a citar o nome das bandas que vão tocar na festa? Aiaiaiai, tenha santa paciência - e olhe que detesto brega ... Deselegante, Noblat, deselegante... Em minha leiga e humilde opinião, o povo de João Alfredo, pobre e inculto, é só uma vítima dos poderosos super-heróis que você batizou...

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Update: Prá não dizer que não sei elogiar, reproduzo essa que, sim, desfez até a má impressão:

Arraial do Severino: voadores (15)

Não convidem para a mesma mesa o deputado Severino Cavalcanti e os comerciantes Manoel Veloso, vendedor de carro, e Manoel Moura, dono de um armazém.
Veloso guarda dois cheques sem fundo, no valor de R$ 12 mil cada um, emitidos por Severino, em 1996. Moura guarda um de R$ 17 mil, datado de 2002.
Os dois comerciantes moram em João Alfredo e pretendem manter distância da recepção que a cidade oferecerá, amanhã, ao seu filho mais notável.

1 de mar. de 2005

Velho Maroto



Faz dias que estou com essa música na cabeça.

Prá ser exata desde que soube do novo cd da Bethânia.

Acho maravilhosa essa onipresença que as grandes personalidades possuem, que as faz sempre estar ressurgindo, seja na voz de um intérprete, num livro que as referencia, no filme que conta sua vida. De tudo isso, só posso concluir uma verdade: seres humanos podem mesmo ser incríveis. E as exceções apenas confirmam a regra.

Buscando sobre o poeta, conheci a pouco o site, que imagino ser oficial, do Vinícius. A página, a primeira visita, pareceu-me bastante completa, com uma novidade especial: um tópico chamado "Faça sua Antologia", em que aparentemente (ainda não testei) você seleciona os poemas que mais gosta. A abertura me comoveu, com os acordes iniciais de Pela Luz dos Olhos Teus, aquela mesma que está na abertura da novela Laços de Família, em reprise desde ontem na Globo (infelizmente no horário da tarde, que me é impróprio). Cresci ouvindo Vinícius, por conta disso conheço de cor muitas de suas músicas. Tive minha época de ser apaixonada por Pela Luz dos Olhos Teus, por exemplo. Dos poucos poemas que sei declamar de memória, a maioria também é dele. Conjugação da ausente ("Tua graça caminha pela casa"), Ausência ("Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces" ), e, obviamente, Soneto de Fidelidade ("De tudo, ao meu amor serei atento"). Eram, em geral, aqueles que tinhamos em casa recitados pelo próprio poeta, em discos de vinil. Vinícius declamava absurdamente bem seus poemas, como é o usual, aliás, entre os agraciados pelo dom da poesia: em geral é o autor que sabe mehor como dizer seu texto, no tom correto, na aspereza ou maciez precisa. Vinícius era um dos maiores mestres nesta arte também.

Estranho como há paixões que nunca passam, apenas ficam adormecidas. Passei muitos anos sem ouvir Vinícius, até julgava-me mesmo enjoada dele. Outro dia achei um cd, uma coletânea que nem mesmo comprei, foi um brinde em uma compra. Que delícia reviver aquelas canções. É muito Vinícius demais prá uma brasileira, gente!

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Update - Leio a pouco no Marcelo que é hoje o aniversário do Rio de Janeiro. Nada mais carioca que o autor de Garota de Ipanema, não?

A dança das zeros

Tão grande era, que até hoje não sei se recebi aquele aumento de 0,01% noticiado em novembro último e sobre o qual postei aqui. Acho que não recebi, diante disto: "O índice proposto pelo projeto de lei é o mais baixo já concedido na administração petista. Em 2003, os servidores tiveram 1% de aumento. No ano passado, não houve reajuste geral.". Pois é, lá estão eles a falar agora em 0,1%. Melhoramos uma casa decimal! E constato que nem enganados fomos em 2004; espero que meu "querido" sindicato esteja atento a isto, embora desconfie que não, já que eles andam no fuzuê das eternamente infrutíferas eleições internas.

E ainda vem o Lula-lá dizer-se "cansado" com tudo isso. Palavras do presidente: "Eu estou cansado de ler, de ver e de ouvir críticas a salários de servidores públicos e, ao mesmo tempo, estou cansado de ver servidores de indústrias privadas, não mais qualificados do que aqueles que estão sendo criticados, ganhar três ou quatro vezes mais do que aquele que está na máquina pública". Ê, governinho esquizofrênico, sô...