7 de mar. de 2005

Conforme prometido

"Se um dia acordar invocado, mudo para João Alfredo e passo a blogar de lá.
A vida real está longe de Brasília, muito longe.
Ou melhor: Brasília tem vida real, mas ela se manifesta pouco na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes.
O que se passa nesses dois lugares é pura encenação, puro teatro, embora destinado a produzir graves consequências na vida de todos nós - para o bem ou para o mal.
É tudo ensaiado para interessar à mídia - e, por meio dela, ao distinto público. Cada um conhece bem o seu papel. Como a mídia não gosta ou não quer comer poeira, contentem-se, pois, com o espetáculo do poder - mas saibam que ele não passa de um espetáculo.
A Broadway é aqui. Uma Broadway menos glamurosa, mas uma Broadway.
Escrevo sobre as peças em cartaz desde que aqui cheguei em 1982.
Mas gostaria mesmo era de escrever sobre os pobres circos de lona rasgada, o mamulengo, o reizado, a cavalhada.
Gostaria de resgatar o jornalismo do corpo-a-corpo com pessoas simples que dizem o que de fato pensam e que falam sobre as coisas como elas de fato se lhes parecem.
Notei que muitos de vocês ficaram chocados com o Severino que se exibiu por inteiro em João Alfredo no último fim de semana.
Tenham paciência com ele.
Severino é o político típico do Brasil que o Brazil finge desconhecer. Ou finge que não existe. Ou não conhece.
Nós, jornalistas, fomos incapazes de esboçar até aqui pelo menos um perfil razoável de Severino.
Quem o fez foi ele próprio quando falou para seus eleitores na noite do último sábado (vejam, abaixo, a nota "Arraial do Severino: E ele conta tudo!")
Mas relaxem as almas mais sensíveis e aqueles que Severino chamou de "intelectuais da imprensa".
O Severino de João Alfredo cederá a vez ao Severino da Praça dos Três Poderes, o substituto do presidente da República na ausência do vice.
Está sendo treinado para isso, como tantos outros foram. E daqui a pouco estará à altura do Brazil.
Mr. Bill Cavalcanti vem por aí.
"

Mandou ver o Noblat...

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Update - Sei que vocês devem estar de saquinho cheio com as aventuras do Noblat em João Alfredo. Mas o causo é que não posso deixar de comentar o relato que ele fez do discurso de Severino. Imperdível!

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