9 de ago. de 2004

Little Big Man



Aproveitando ser dia de Filmes na lista ena, e o fato de estar ali meu micro numa parto infinito em que receberá um Kurumim, poucos chamados e algum tempo livre para não apenas colar aqui as dicas dos maravilhosos participantes da nossa querida listinha, vou falar sobre este Pequeno Grande Homem (1970), assistido neste fimde, graças a uma antiga locadora que voltei a frequentar após alguns anos e que oferece algumas raridades (ao menos para mim) em VHS.

No filme, Jack Crabb (Dustin Hoffmann), 121 anos, narra a um entrevistador apatetado a vida de aventuras e desventuras que levou após, sobrevivente que foi da chacina de sua família, ser criado por índios. "Pequeno Grande Homem" - o nome dado por seu "avô Cheyenne", personagem este que vem a ser a principal referência nas muitas idas e vindas do protagonista entre os mundos branco e indígena - passa por muitas "fases", de malandro-vendedor-de-remédios-milagrosos a pistoleiro, de comerciante falido a mendigo ou serviçal das tropas americanas desbravadoras, no que me fez recordar bastante histórias como a de Forrest Gump, e tipos como o Leléu das Moças de Lisbela e o Prisioneiro. O enredo retrata bem a vida-sem-lei em terras americanas num tempo anterior àquele do extermínio da cultura índia, mais precisamente no período em que o General Custer - lendário oficial que foi derrotado pelos índios às margens do riacho Little Big Horn na única batalha vencida pelos pele-vermelha - andava por lá. Coincidentemente para mim, que não conheço muito bem história americana, este General Custer é o mesmo retratado em O Último Samurai, sobre o qual comentei aqui dias desses. Ainda a propósito leiam trecho interessante da crítica que encontrei no site Contracampo sobre as relações entre estes dois filmes citados e um terceiro que pretendo rever (também tem naquela locadora):

"a questão da honra, seja em combate, seja na política, seja na visão de mundo, (que) irá permear toda fita, assim como um tratamento que deixa a todo momento O Último Samurai sempre próximo do universo dos westerns, principalmente de alguns dos feitos na virada das décadas de 1960/70, que repensavam e valorizavam o ponto de vista dos índios norte americanos mostrando seu massacre e etnocídio. Desta forma, os samurais são sempre vistos de uma forma semelhante aos índios, fadados a desaparecer pelo processo de expansão capitalista. Isto fica patente não apenas pelas sucessivas menções à batalha de Little Big Horn, mas também pelo processo em que Algren vai passando de prisioneiro inferiorizado, lentamente sendo respeitado pelos captores, até tornar-se um deles de forma idêntica ao Richard Harris de Um Homem Chamado Cavalo. Algren também alterna sua trajetória entre dois mundos distintos, como Dustin Hoffman em O Pequeno Grande Homem, mas se este último era um malandro oportunista, Algren transforma-se num monumento de ética e retidão, resgatadas após sua convivência e amizade com Katsumoto."

No mais, um excelente clássico, ideal ainda para quem gosta daquele clima de faroeste dos filmes antigos da Sessão da Tarde, bem anos setenta...

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