Para Cássia.
(Notícia clicando na imagem).
O que me fez lembrar a dívida que tenho com este blog (as dívidas que eu faço comigo mesma, de fato, como aquela receita do macarrão que nunca chegou aqui), desde o dia em que o li o post da Cláudia sobre seus problemas com empregadas domésticas. Vamos ao pagamento.
É que, gente, eu vivo dizendo que não sei o que fiz de tão bom para merecer a que tenho. Ela nem é mais empregada, ou secretária, mas acho que tenho que chamá-la mesmo é de sócia na maternidade e na vida doméstica, talvez. Sem ela não sou nada. Estamos juntas a onze anos. Por ela me irrito com quem conta sorrindo humilhações aos seus funcionários (uma dona que esteve aqui outro dia). Por ela odeio criancinhas que chutam suas babás.
Não que ignore criaturas como as que Cláudia descreve. As relapsas, né? Que nada compreendem. Sei que a minha é como poucas. Uma profissional. Ela separa as moedinhas que estão no bolso das roupas a lavar. Ela deixa sobre o balcão o saco vazio de arroz que abriu. Ela nunca joga nada fora sem avisar. Ela corta as unhas da minha filha sem que ninguém nunca tenha mandado ou pedido. É isto o que falta nas mulheres desse mercado de trabalho: profissionalismo. Também tive muita sorte, porque a minha é mesmo especial. Outro dia ela achou uma carteira no ônibus, e, pasmem, ela devolveu. Com dinheiro. Essa passagem para mim colocou-a no pedestal que tenho cá na cachola.
Mas sobre os defeitos das domésticas, fica sempre em mim a dúvida, ao escutar o que as pessoas dizem, se a culpa é apenas delas. É um trabalho super hiper desvalorizado (somado ao fato de serem, via de regra, as domésticas, pessoas sem instrução, o que dá outro parágrafo), vide a legislação que possuem enquanto trabalhadoras, com direitos inferiores aos dos demais. Enquanto empregadora, entendo que é assim também para nossa defesa, já que não somos empresas, somos pessoas físicas que não podem arcar com encargos semelhantes aos das pessoas jurídicas. Isto, entretanto, não exclui a necessidade que eu observo na grande maioria das patroas de evoluirem nos seus papéis. Sabe aquelas pessoas peiticas? Conheço algumas. Que exigem que empregados estejam disponíveis das 6 as 20 horas, a servir café, água, e limpar bunda de menino, e de bom humor. Ainda que passem longas horas de ócio no aguardo das ordens. Para ganhar um, talvez dois, nunca mais de três salários mínimos. Digo, quando ganham o salário mínimo...
Gente desocupada em casa nunca suportei. Findo o serviço, se vá - o que é possível em minha casa porque não há crianças pela tarde nela. Entretanto, minha filha estuda à tarde em grande parte para possibilitar esta manobra, devo dizer. E pode haver algo mais aterrador para uma criatura do que morar em um quartinho dos fundos de um apartamento? Ai, não. Abomino a idéia. Entendo que quando há crianças bem pequenas ou doentes e idosos pode ser necessário, mas, eu, particularmente, sempre detestei, não só ter gente estranha em casa 24 horas ao dia, como vê-las enfiadas em cômodos incômodos, uma televisãozinha ligada, um cheirinho de mofo, um beliche. Também porque sempre optei por ser eu a criar minha filha, e não uma babá, mas esta história já renderia outro post.
E as ordens escritas? Cardápios? Tabelas de horário? "Faz isso tal hora, lava banheiro as quatro". Tenha santa paciência. Eu odiaria se meu chefe agisse assim comigo. Estabelece-se prazos e metas, é assim que deve funcionar. Termine o serviço. Como? A solução é sua. Deve ficar bom. Claro, na hora do almoço deve haver comida na mesa. Tal comida, mais ou menos. Se houverem cardápios escritos (muitas não sabem ler muito bem, ainda, pelo menos aqui no Nordeste), no dia que você esquece e a pobre nada faz, você reclama de falta de iniciativa. Pera lá. Nesses moldes, não há quem possa criar um profissional, definitivamente. Dignidade é importante, gente. Se não for assim, melhor mesmo é arrumar uma dessas:
Por fim, apenas para ilustrar, indico um filminho: Domésticas. Muito legal. Para quem não quer perder muito tempo e dinheiro, também tá valendo assistir a Marinete na Globo às terças-feiras...
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