2 de out. de 2005

Meu tempo é quando

"Na laje fria onde corava sua camisa e seu alforje de caçador." (escandalosamente feliz mergulhada nas palavras)

"Daquele amor de música ligeira nada nos livra nada mais resta." (um laço infinito, jamais se perderá)

"Que eu não vim de longe para me enganar" (embriagadamente racional neste sôfrego debater-se de sons) "Todos irmãos da lua ... Farinha do mesmo saco...)"

"Um tempo que o tempo não esquece." (faces demais, que passam e que amo)

"Imagens que vagam penetram propagam machucam meu corpo carente". (caminho com força e pressa para a dor dissipar nos passos)

Um mar onde sempre naufragar. Este porto para onde sempre voltar. ("Uma parte do mundo é nossa morada, a outra parte é nosso quintal")

"Dorme, menino grande..." (a beleza única de viver)




Palavras estão em mim e nelas estou.
Elas desaguam. Respiro-as.
Em espirais são nuvens:
de meu corpo fazem céu.
Sou fogo, é ar.
Consumimo-nos.
Reciprocamente.
Deixo-me ir, vão me levar.
Sentidos e veias invadem.
Viagem. Torpor. Não quero voltar.






"De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço
Meu tempo é quando
"

(Poética, Vinícius de Moraes)

(Não sei me dizer e sou feliz assim)

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