Não tinha nem tocado no assunto chico-buarque-com-morena-na-praia até o momento aqui no Maio, mas esse reproduzo, porque tá muito bom! Deixem não de ler... Desconheço a fonte.
O pulo de Chico
Por Geovaldo Carvalho
Andam pegando o Chico Buarque prá Geni, só porque o poeta estava à toa na vida, com a banda errada, dando uns "amassos" em uma Carolina alheia na praia de Ipanema. Não chega a ser uma cabrocha de alta classe, que mereça ser vestida de dourado, mas há quem garanta, até o mar faz maré cheia para ficar mais perto dela. Beleza à parte, com o "fraga", se era casada, ela desatinou, se desmanchando, e ainda deve estar chorando.
Olé, olé, olá, que confusão! Sanatório geral. Houve quem desconfiasse: "...Eis o malandro na praça outra vez, caminhando na ponta dos pés..."
O marido, que dizem, não "tem tatuagem no braço e nem dourado no dente", lamenta que deixou "Madalena ir pro mar e ficou a ver navios", e já jurou o poeta:
- Ele vai pagar é dobrado cada lágrima rolada desse meu penar.
Faltou ao traído recomendar à esposa:
- Mire-se naquelas mulheres de Atenas, vivem pro seus maridos... Helenas.
Ele quer a notoriedade dos arlequins, porque é Chico Buarque. Se fosse um Pedro pedreiro qualquer, deixava a banda passar. Até porque, é reincidente como quadrado perfeito desse triângulo amoroso. Não é de hoje, garante Januária na janela, que há muitos anos a cabrocha "faz tudo sempre igual" às seis horas da manhã, e num sorriso sensual, beija o poeta com a boca de maçã.
Até a Marieta, surpresa com o ti-ti-ti-, bem que tentou uma explicação:
- O que houve meu guri?
Chico, encabulado e sem o sorriso que a Rita levou, lembrou a ex-mulher o que ouvira dela, olhos nos olhos, quando da separação:
- Quando você me deixou, meu bem, me disse para ser feliz, e passar bem".
Pensava ela que ele amou daquela vez como se fosse a última. Isso não tem remédio e nem nunca terá.
O poeta para o público externo, que anda lhe avisando que a coisa aqui tá preta, usa o silencio para que entenda que o "amasso" dos dois na praia para um ensinando o outro a sambar. Ele até resistiu:
- Sou porta-estandarte não sei mais sambar.
Mas ela, insistente, com açúcar e com afeto, foi em frente:
- Eu, modéstia à parte nasci para amar.
E, como voces sabem, o bom samba não tem lugar nem hora e o coração de fora, samba sem querer. Ah! Se todo mundo sambasse seria tão fácil viver. Deu no que deu.
Mas o poeta não deve ficar abatido. Com toda cama, toda lama, a gente vai levando.
Agora querem jogar Chico na contramão da vida atrapalhando o trânsito, ignorando que de tanto usada a faca já não corta. Não liga não, poeta; continua assistindo de galeria na mais fina companhia. Por essa praia, essa saia, pelas mulheres dali. Vai passar...
"Um preconceito é uma opinião não submetida à razão."
De Voltaire
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