30 de dez. de 2005

Feliz ano novo, sim senhor

O que há de bom nas crises é que, com elas, se aprende. Um dia, se aprende, estou certa disso. Pode custar, eis a parte ruim. A parte boa é que o aprendizado dura para todo sempre.

Não sou emissora de tv para fazer retrospectiva, mas .. eita ano difícil esse de 2005, hein? "Algo me diz" (o que será, meu Deus?) que foi assim para a grande maioria das pessoas. Crise na economia, na política, essas "pequenas coisas" (riam, leitores) que se refletem em nossas vidas, esmagando a realidade bruta do day by day dos não-poderosos. Sim, eu sei, que você está - e eu também estou - emputecido com os doze mil e não sei quanto que está nos bolsos dos congressistas, para engordar o reveillon deles. Também não esqueci que 2006 será mais um ano de puxa-saquismo daqueles, até, quiça, quinze de novembro. Mas, isso não é tudo na vida, né? Ah, vocês sabem disso, eu sei que sabem...

Lá vem a boba alegre, dirão vocês... Ela já já chega, não se decepcionem...

Sabem o que é bom se pensar quando a cabeça quer estourar com tudo isso “e um pouco mais” (bote “um pouco mais” nisso!)? Quando você caminha, quem é que sente as pedrinhas na sola do pé? Na hora de olhar o mundo, são os outros que olham por você? E se admiram com, sei lá, o azul do céu, uma pessoa bonita que passa, a chuva caindo nas árvores?

Quando não se tem mais para onde ir, é bom pensar: quem vive a sua vida é você. É, quem paga suas contas (ou não) é você, e é você também que lava suas calcinhas e cuecas (ou a sua mulher ou empregada ou a sua máquina de lavar, vai, dá no mesmo, foi você que arranjou o acerto). Quando chega a hora de votar, o dedão que se enfia no teclado é o seu. É isto mesmo, eu acredito na máxima “cada povo tem o governo que merece”. Seu filho é malcriado? Quem o criou mal foi você. E seu casamento está uma boa merda? A culpa é de vocês. É isso aí. Vamos parar com essa onda de colocar a culpa no próximo. Eis minha dica de final de ano.

Antes que fale mais alguma merda, um parênteses (mais um). Falo tudo isso com a ciência de saber, *mais ou menos*, quem está a ler esse blog. Não somos os desprovidos de tudo. Ainda não aconteceu a tal inclusão digital no nosso país, e sei que não há como os verdadeiramente excluídos estarem por aqui - o que me deixa triste. Se estiverem, espero que perdoem as palavras. De fato, me parece um contrasenso que isto ocorra, mas enfim... Resumindo: eu não estou falando com quem não pode mesmo mover as linhas da própria vida. Sim, você que imagina serem elas uma invenção talvez da Globo ou da Heloísa Helena, elas existem. Se você puder andar de ônibus numa linha suburbana de alguma grande cidade, de preferência no centro antigo, talvez entenda do que falo. Uma outra boa dica talvez seja pegar alguma estrada que corte a região canavieira no Nordeste (tá, eu sei que essa é mais difícil...). Entrar num favela pode ser um risco, mas vai com certeza te ensinar algumas coisas.

Por outro lado, tenham cuidado para não se incluirem na categoria a que me referi. É um perigo, corram se virem essa idéia no seu caminho. Avaliem bem o significado da expressão “excluído”. Não é porque você não tem computador ou internet em casa que você é o excluído de que falo. Ou porque você ande de ônibus: eu ando de vez em quando de ônibus, e nem em sonho sou uma excluída.

Fim do parênteses. Ponto.

Minha mensagem de final de ano não está nada bonita, né? Não, não, não, eu não estou chateada, está tudo bem legal. Eu continuo querendo muito muito mesmo que vocês todos tenham um reveillon maravilhoso, sim, senhor, e que todos os desejos de seus corações se realizem no novo ano que está chegando. Mas dêem um forcinha para a pobre da vida, né? Papai-do-céu é pai, não é padrasto, mas nem pai aguenta tudo sempre, não é mesmo? Por mim, vou fazer tudo para ajudar ele (o pai) e ela (a mãe-vida).

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