10 de nov. de 2005

De encantar

O livro me chegou às mãos assim: a menina ganhou como prêmio, num concurso de redação de uma pequena e boa livraria da cidade, quase uma versão tupiniquim, (piorada, obviamente) daquela de que Meg Ryan é dona em Mensagem para Você. Especializada em literatura infantil. Só mesmo lá uma leiga como eu poderia descobrir Regina Machado. A escritora, não a cantora - sim, há uma Regina Machado cantora, com página no Uol e tudo mais. Não é dela que estou falando. É da escritora e contadora de histórias Regina Machado, não esquece.

Difícil encontrar um bom link que conte quem é Regina Machado. O mais próximo a que cheguei foi este aqui. Regina é pesquisadora da USP, e desenvolve um trabalho sobre narração literária e a oralidade como instrumentos pedagógicos. Do Estadão:

"No Brasil, essa retomada (da prática da contação de histórias) começou há cerca de 15 anos. Uma mescla entre teatro e literatura, o hábito de contar histórias ia perdendo força, a não ser por iniciativas individuais e excepcionais de pais e educadores.

A contadora pesquisadora, escritora e professora Regina Machado é talvez a maior responsável pela volta dessas tradições no Brasil. No começo da década de 80, ela decidiu pesquisar a narração literária e a oralidade como instrumentos pedagógicos. "Havia informações de que assim a aprendizagem da criança funcionava melhor, e quis saber o porquê", confessa.

Sem fazer propaganda alguma - só no boca-a-boca -, acabou sendo requisitada por diversas escolas, livrarias e empresas. Continuou suas pesquisas, e passou a fazer oficinas na capital e interior. Acumulou nesses 15 anos um repertório com mais de 200 histórias e ajudou a formar dezenas de grupos de contadores pelo estado.
"

E afinal, o livro. A Formiga Aurélia e Outro Jeitos de Ver o Mundo, da Companhia das Letrinhas. São lindos contos que nos lembram as histórias orientais das Mil e uma Noites, possivelmente. Temas universais vêm a baila numa linguagem simples, que encanta gente nova e gente velha, uma delícia. "Zabeidas, trolas, pimoras, gripas" nos fala das diferenças e do respeito à cultura alheia. "O Alfaiate Desatento" também, e de forma mais tocante. Deixa o pessoal da FNAC falar que é melhor:

"Nada é fácil nas histórias recontadas por Regina Machado. Elas têm sempre um enredo intrigante e um desfecho surpreendente (em vários sentidos), além daquilo que costumamos chamar de “moral da história”. Mas, graças ao vínculo estreito que mantêm com a sabedoria do mundo tradicional, parece de certo modo que elas nunca são contadas até o fim. Como matéria de reflexão sobre a condição humana — mesmo para crianças —, elas não se esgotam. Podem sempre ser ouvidas mais uma vez."

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