11 de set. de 2006

Retrato

Tenho essa tez leve,
branda, limpa e renovável:
a vida passa
e permaneço.
Não me tocam a flor da alma os anos com vigor ou destempero.
É alto o preço?
Saberei.
Não é perfume o acento impávido do não, contudo.
Pouco tenho, muito possuo.
Ao findar, seremos todos terra.
Eu
já sou terra.
Sei emergir de um recanto distante em mim que desconheço,
do qual não me perco mesmo nos sonhos.
E que me envolve e reaviva a face,
o brilho,
o riso,
a criança que cultivo no reflexo dos olhos que trago.
Sou teu contraposto.
Ponto.
Não teu contraponto.

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