2 de set. de 2006

Mistérios II - A fala de uma tola e crente criatura, talvez, espero que não

Há mistérios em todos o seres? Não há mistérios nos pássaros. Eles chegam em fulgor à minha árvore. Seus trinados afogam-me em paz, seus corpos são leves entre verdes e galhos. Confundo-os com folhas e borboletas, em minha humana pressa que pouco vê e nada sabe, mas busca. São livres suas asas, sem códigos, percebo. Assim é o tempo, a vida, a natureza, de que somos parte, o ser que somos. Não há códigos. Há livros abertos, basta lê-los. Saber-se pássaro, apenas, é o que nos cabe. Desvendar as amarras, dissolver as trincheiras, ver-se inteiro, sem maus presságios. Cessar o repetir-se, “assim é, assim é”. Tudo parece ser o que cremos ser - e isto ofusca, e faz esquecer: é essencialmente bom o ser, qual o beija-flor que pousa na fina rama. Somos ave. Esses pequenos que retornam ao meu chamado. Não fomos criados à imagem e semelhança do turvo. Somos água límpida, de nascente, que mana. Lembre-se, és nascente. E toda nascente mana, exala, bem que é divino, que não nos pertence, que não se pode perder - é bem de todos, do todo de que somos parte...

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