23 de mai. de 2006

Amor revelado não é amor: é uma estrada chamada paixão, ao fim da qual abre-se o trevo que encaminha ao amor real ou a destruição. Destruição do que esteja ao alcance. Amor real que dispensa apresentação.

Amor tem hora de chegar. É como escreve o poeta, "amor é sorte". Mas não chega do nada. Constrói-se, é empenho. Plantar e colher. Nem sempre se colhe, feita a semeadura, porém. O plantar é apenas paixão. Sem a sorte, "o dedo de Deus", que escolhe os agraciados, não vinga a semente; colheita, amor, não há, restando a paixão finda em terra nua.

É longo e numeroso o dedo de Deus, muitos ele escolhe. O respirar da terra, contudo, é sabedoria só daqueles que ama as próprias mãos. Amor é ser de melindres, odeia solidão. Não entra onde já não está, na forma da luz própria irradiada do ser que se conheceu e se encontrou. Há, pois, que buscar-se, na busca pelo amor. Que amor é conhecimento; e conhecimento é tempo; e o tempo, este nunca se finda no semear renovado de cada estação. Aos apaixonados da desilusão não sobra, portanto, apenas o enervar-se nos campos desérticos do desamor, dos desejos sem freios, dos poços negros da melancolia. É paciente o criador maior com suas criaturas, incansável e amoroso. Está sempre a estender suas benesses e distribuir os presentes da sorte a seus filhos amados.


"Amor é um livro, sexo é esporte
Sexo é escolha, amor é sorte
Amor é pensamento, teorema
Amor é novela, sexo é cinema
Sexo é imaginação, fantasia
Amor é prosa, sexo é poesia
O amor nos torna patéticos
Sexo é uma selva de epiléticos
Amor é cristão, sexo é pagão
Amor é latifúndio, sexo é invasão
Amor é divino, sexo é animal
Amor é bossa nova, sexo é carnaval
Amor é para sempre, sexo também
Sexo é do bom, amor é do bem
Amor sem sexo é amizade
Sexo sem amor é vontade
Amor é um, sexo é dois
Sexo antes, amor depois
Sexo vem dos outros e vai embora
Amor vem de nós e demora
"
(Arnaldo Jabor/Rita Lee/Roberto Carvalho)

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