14 de mar. de 2006

O Atoleiro

É o seguinte.

Há coisas na vida que se precisa fazer sem que exista uma aparente explicação. Surge o impulso e aí... você vai. Obviamente muitos pensarão que estou a referir-me a sacanagens (que fixação, hein, gentem? Minha ou de vocês?), não é porém o caso (este é um blog familiar, não esqueçam).

Eis de onde saiu o atoleiro. De um impulso.

Preliminarmente devo dizer que este post desconjuntado foi imaginado a princípio como aqueles lindos guias que a Lu costuma postar, sobre suas experiências familiares: o que NÃO fazer para se ter um final de semana perfeito em família, e por aí vai. É impossível fugir `à personalidade e tentar forçar o plágio, entretanto. É impossível, pessoas, jamais se enganem.

O fato é que, súbito, após uma semana descaradamente complicada, e no afã pelo final de semana feliz em família, numa manhã de sábado eu me encontrei numa daquelas típicas situações-cômicas-depois-que-passam: eu, em minha batinha nova de algodão branco, a velha calça jeans capri preferida e os brincos combinando, os pés enlameados por conta de outros dois atoleiros, trepada na porta aberta sobre o pneu traseiro suspenso no ar de um carro que tinha a roda dianteira oposta atolada na lama, cuidando para não queimar o braço no capô que ardia, gritando "vai, vai, vai", pulando do meu posto feito uma doida, avaliando em segundos o estado geral da tragédia, e confirmando ao motorista "vai, vai, vai que dá"! E, milagre dos milagres, sendo a autora intelectual (ei, e braçal também, parcialmente!)da tirada do carro do atoleiro.

Graças a mim, eu sei. Eu sou danada mesmo, foi o que eu ouvi.

Que é que se ganha em tirar um carro do atoleiro? Não parece óbvio? Auto estima nunca fez mal a seu ninguém, né mesmo? Nem te ligo se a mancha de barro da batinha não sair...

Além disso, no caso específico, talvez não a benção de um final de semana perfeito em família, mas:

-a alegria de assistir um açude sangrar, e vê-la (ela de novo, a alegria) estampada na cara de toda uma gente;
-o privilégio de dormir duas noites numa imensa e antiga casa de fazenda sem energia elétrica (sempre não, mas uma vez perdida faz um bem e não vai te matar, eu recomendo);
-mostrar ao filho o que é um grilo, isso é essencial para o prosseguir da existência, gente!;
-e esquecer de tudo, esquecer de tudo, esquecer de tudo que cerca essa vidinha nossa de cada dia, porque até os problemas se cansam da gente, num sabe?

Fora as lições clichê: não se pode dominar a natureza; e viver novas experiências sempre importa. Além das filosofias: a noção do que é a perfeição é bem relativa e subjetiva...

Longa a sessão de hoje, não foi? Já sei, meu tempo terminou...

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