Já é uma certa tradição aqui no Maio os posts sobre filmes brasileiros, e muitas vezes aos pares, correto? Comecemos o ano, ora pois pois. Dos filmes, um é assistível; o outro, nem tanto, mas vale a pena assistir. Durma-se com tamanho barulho.
Mais uma vez Amor é o primeiro, com os globais Dan “Tom Hanks” Stulbach e a gostosona Juliana “bota gostosona nisso” Paes, a Boa. Uma comédia romântica com todos os pontos, is, circunflexos, e vírgulas. Muitas vírgulas. Funciona para alguns, os ultra-românticos como eu, por exemplo, até segundo aviso. Tem ritmo, portanto funciona também para os que meramente buscam diversão, ainda mais com uma “estampa” daquelas, Dona Juliana. Como diria o Faustão, dessa vez seu marido vai assistir com gosto uma comédia romântica com a senhora, madame, não tenha dúvidas. Mais tarde, ele vai até sonhar com o filme, heheheheheh... No resumo da ópera, todos ganham, esteja certa!
Nininanão, não vou colar fotinha (in)decente da moça por aqui não, usem a imaginação! Ou o Google!
Passada a animação, resta a realidade. A Juliana Paes trabalha mal, algo que ela até vinha escondendo direitinho (ao menos prá mim!), nos últimos tempos, depois da fama (Alguém lembra dela antes da fama? Eu lembro). Ela tenta, tenta, a pobrezinha, mas não consegue espantar o exagero, no papel de uma porra-louquinha apaixonada por um certinho durante vinte e cinco anos. Ela é tão fraca como comediante quanto é linda e sensual nas cenas calientes. E nas cenas dramáticas ela é um desacerto só. Resumindo, ela só é “boa” mesmo no filme na hora de trepar. Sério. Coitada.
O Dan Stulbach também se esforça, e o resultado de seu esforço é bem mais satisfatório que o da moça, embora pudesse ser melhor. É um ator que me agrada, não por parecer com Tom Hanks (o que seria óbvio demais!), nem mesmo porque de vez em quando o confundo com o Caco Ciocler (outro global de que definitivamente gosto, com ponto final). Eu o acho interessante desde os tempos em que dava raquetadas naquela moça da novela das oito, por ser o tipo de ator que veste com completude os papéis que lhe entregam. Nem sei se isto é o ideal, pois, sendo assim, parece que não sobra nada da alma do ator na hora de encenação, certo? É como colocar uma máscara que encobre seu dono. Mas, enfim, aprecio atores com tal característica.
No filme, porém, o Dan podia estar melhor. Também sobra exagero na sua atuação em muitos momentos da trama. Resta que o personagem ficou estereotipado, tal como a a outra protagonista; se foi intencional por parte da direção, não sei, o fato é que o resultado é ruim.
No mais, apesar de tudo, o filme tem ritmo, e prende. A história é gostosa, repito, para os românticos. Não por conta da trilha sonora, que não ajuda. Há boas músicas, porém mal colocadas, pecou-se por excesso também na tentativa de mostrar com elas a passagem do tempo. Há alguns bons coadjuvantes, como a mãe carioca do Dan (ali sim, uma comediante em carne e osso), ou a esposa soçaite obviamente mal-amada, ainda que não intencionalmente mal-amada.
Está bom deste filme, falei muito. O segundo filme é Cronicamente Inviável. Muita gente que viu agora deverá suspirar e pensar “Vixe...”. Ou não. Mas, enfim, é “vixe” mesmo...
Cronicamente Inviável é um filme estranho e de difícil digestão. É do tipo ame ou odeie ou fique na dúvida (eu sou deste último time). Começando pelo seu formato, que mistura ficção e documentário, de uma modo pouco convencional. Não se trata de jogar cenas reais como cenário para o enredo (o que é comum em filmes que se passam em momentos históricos, por exemplo), a escolha foi pelo modelo de documentário narrado num filme ficcional, que não fala nadica de ficção, e sim de realidade, a mais pura e cruel. Durma-se... Muito esquisito mesmo, só vendo para entender. Sobre algumas cenas, tive inclusive dúvida se eram reais ou não, de tanta autenticidade que traziam.
Os atores não são problema neste filme, mas também não são, nem de perto, as vedetes. São só elementos da engrenagem. E funcionam. Não há Protagonistas, com maiúscula, mas há alguns personagens importantes. O mesmo Dan Stulbach, na pele do moço-do-Sul-que-vem-fazer-a-vida–no-Sudeste-e-que-se-atrapalha. A Dira Paes, sempre Dira Paes. Sou apaixonada por essa atriz, sem sacanagem. Ela tá perfeita, como sempre, um reloginho, eu diria. Daniel Filho, Betty Goffman, Cécil Thyré, todos muito bem. Sem problema.
O foco deste filme são seus temas. O melhor, seu tema. O carro-chefe. O Brasil e sua inviabilidade, resumindo. Como expliquei para minha irmã, Cronicamente Inviável trata de tudo que há de ruim no país. Tráfico de crianças, tráfico de órgãos. Prostituição. Hipocrisia. Exploração de minorias, em todos os sentidos. É um bom filme, mas de difícil digestão e compreensão, repito. Eu precisarei ver mais uma vez para falar mais. Fico por aqui, portanto. Em todo caso, vale a pena arriscar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário