5 de ago. de 2010

Quando o espelho já não é mais seu conhecido, é quando você sabe: chegou a hora de abandonar quem fui.

Choque brutal. O que houve, que ocorreu, quem é este? Onde "seu frescor e seu riso, tonta alegria do teu dorso no cio" ?

Quando tudo anda tão rasteiro quanto a porta da cozinha de tinta opaca, os esmaltes em suas unhas já não enganam ninguém, o tempo caminha em sua direção, e você apenas agoniza a sua espera.

Apenas teu pulso reage...








Um poema de um tempo tão antigo, que nem sei mais que estação era aquela...




O Armário


Desejo tonto de tua mão na nuca,
dores em continência, bem ao meu alcance,
estes cristais, a prateleira,
o vôo do pássaro quando abro a gaveta,
o graveto em seu bico:
estas inutilidades todas que os sentimentos ditam,
acúmulo de afeto, tesouros e pardais.
Recomeçar o poema. Vem de novo a roda, a vida,
o primeiro beijo,
eu gosto deste teu terno,
às sete no ponto de ônibus,
guardo tantos papéis, quanto(s) seria(m) necessário(s) ?
Desejo tonto de tua nuca no dorso,
um emblema antigo, eu ainda era menina,
eu ainda sou menina,
adormeço sobre o tremor de meus pensamentos,
busco saber em que canto do armário a tenho perdida,
seu frescor e seu riso,
tonta alegria do teu dorso no cio.

Nenhum comentário: