21 de jul. de 2007

Que a terra lhe seja leve?

A pergunta que me faço incessantemente desde que soube do fato é: qual será a sensação de se ter a morte, por muitos, comemorada (a premissa, logicamente, é a da vida após a morte, dahn) ? E por que ninguém mostra isso no jornal? Parabéns, mais uma vez, ao Carta Capital



Morre o coronel
por Rodrigo Martins
ACM teve insuficiência cardíaca. Bahia decreta cinco dias de luto



Influente presença no cenário político brasileiro das últimas décadas, o senador baiano Antonio Carlos Magalhães morreu na manhã desta sexta-feira, em São Paulo, vítima de insuficiência cardíaca. O parlamentar estava internado no Instituto do Coração desde 13 de junho, após passar mal no plenário do Congresso Nacional e buscar tratamento na capital paulista. O governo da Bahia decretou luto oficial de cinco dias e o corpo será velado no Palácio da Aclamação, em Salvador. Ele será sepultado no Cemitério do Campo Santo, ao lado do filho Luís Eduardo Magalhães, morto em 1998.

Sempre próximo do poder, ACM esteve ao lado de Jânio Quadros e Juscelino Kubitschek. Após o golpe de 1964, serviu com afinco aos militares. Sobreviveu ao fim da ditadura, transitando no meio de Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso. A sanha de agarrar-se ao governo de plantão levou o senador a ensaiar uma aproximação com o presidente Lula, mas a tentativa não resistiu ao primeiros meses da gestão petista. Durante a crise política de 2005, com as denúncias do suposto esquema do mensalão, o parlamentar tornou-se um dos mais ferrenhos opositores do governo.

ACM também exerceu um longo período de predomínio político na Bahia, onde os interesses privados do oligarca se confundem com os do Estado. Três vezes governador, ele elegeu praticamente todos os mandatários do estado nas últimas três décadas, fora dois interregnos, com as eleições de Waldir Pires, em 1986, e de Jaques Wagner, no ano passado.

Nascido em 4 de setembro de 1927, ACM fez faculdade de Medicina, mas nunca exerceu a profissão. Teve passagem pelo movimento estudantil e iniciou a vida política na extinta UDN, partido que o elegeu deputado federal por duas vezes. Em 1967, os militares o nomearam prefeito de Salvador. Com o respaldo da ditadura, assumiu o governo da Bahia em duas ocasiões (1971-75 e 1979-82), desta vez com a bandeira da Arena.

Com o fim do regime militar, filiou-se ao PDS. Durante as eleições indiretas para presidente, em 1984, rompeu com a canditatura do colega de partido Paulo Maluf e declarou apoio a Tancredo Neves. Pouco depois, arregimentou dissidentes do PDS para fundar o Partido da Frente Liberal. Assumiu o Ministério das Comunicações em 1985, durante o governo de José Sarney, onde permaneceu por cinco anos. A marca registrada de sua gestão foi a distribuição desenfreada de concessões de rádio e tevê em troca de apoio político à extensão do mandato de Sarney de 4 para 5 anos. Uma das principais favorecidas pela manobra foi a Rede Globo, que possui sócios da família do senador na Bahia.

ACM elegeu-se governador do estado em 1990, desta vez com o voto popular. Em 1995, conquistou uma vaga no Senado. Renunciou ao mandato em 2001, após ser acusado de manipular o painel eletrônico da Casa. Reconduzido ao cargo no ano seguinte, o parlamentar manteve a força do carlismo no plano regional, elegendo afilhados políticos em prefeituras e no governo baiano. O senador também é acusado de comandar um esquema para espionar telefonemas de desafetos políticos e de uma ex-amante.

No Senado, ele será substituído por ACM Filho, seu suplente. O outro integrante da família no Congresso é o deputado federal ACM Neto.

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