Eu me sinto velha a muito tempo em muitos sentidos. Em especial neste sentido que me faz querer ver o tempo passar logo; o que, de maneira contraditória, no fundo é uma manifestação da minha imaturidade, da minha adolescência tardia, desta saudade dos sonhos que não me abandona. Então desejando ser velha, sou apenas uma criança, na verdade. Pois que outro é o desejo da criança? Crescer, sempre.
Mas o que tanto anseio na idade? "Folhas, paciência e grandes raízes", diria o poeta. Sim. Uma paz que julgo merecida; a morte do afã da beleza, essa vilã que apavora; o ser simples que sou sem que me exijam nada além. Vivenciar os dias, um a cada vez, sem a falta de fôlego da vitória ou a depressão do fracasso. Tão somente ser, estar, viver, no âmago da permanência liberta de amarras. Como são os bichos, que não se atormentam em ansiedades se saciados, acasalados, descansados. Tão pouco incomodar-se com os cruéis que chamam a isto sobrevida. É deles particularmente dos quais livrar-me-á o tempo, este amante fiel.
Ah, os outros... Sejam eles em verdade o inferno que meu terror supõe, ou não, deles o tempo sem dúvida livrar-me-á. Que sejam meros figurantes, a protagonista serei para sempre eu, eximida de culpa.
E assim, ausente dos demais, mais próxima deles estarei. "Com um sorriso nos lábios".
Feliz aniversário. Como é bom estar aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário