23 de jul. de 2006

"Carne e unha", como diria o Fábio Jr.

A vida é este eterno zigzag onde tudo, ao final, sempre se encaixa.



Pense nisso de lá que eu penso de cá.

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Ando lendo Brida. Não sou exatamente chegada a Paulo Coelho; de fato leio-o no momento muito mais por falta de opções. O livro, entretanto, traz idéias interessantes com as quais comungaria sem maiores dificuldades numa primeira análise superficial, o que torna uma pena para mim o fato de estar achando-o chatinho por conta do excessivo ocultismo que é próprio desse autor. Idéias como aquela acerca de ser o universo uma imensa colcha de retalhos formada por átomos eternamente a mover-se entre os seres e objetos que o compõem; ou a outra máxima, mais romântica ainda, de que na verdade nossas almas se dividem indefinidamente – a única explicação plausível para o aumento da população mundial, do início da humanidade até aqui – de maneira que não há apenas uma alma gêmea, mas muitas, porque estão "espalhados" em outros corpos nossos "pedaços"; digo, nossa essência. Belo, de fato. Me atrai. Esta realidade realmente justifica o amor, a empatia, a afinidade – seria tudo uma questão de reconhecimento de si mesmo no outro. Não dá nenhuma dica, porém, sobre de onde vem o ódio, a antipatia, a estranheza.

Por outro lado, a idéia do "reconhecimento" demonstra ser o homem essencialmente um ente do egoísmo, não acham? Afinal, não gostaríamos dos outros por aquilo que são, mas por aquilo que possuem de nós mesmos. Argh. É sempre assim. Ver o âmago do que aparenta perfeição muitas vezes revela o fel.

Não posso deixar de pensar que o espiritismo oferece melhor explicação para o "causo" do aumento da população. Como se sabe, essa doutrina crê na existência de muitos mundos, planos, que se graduam, conforme a evolução espiritual dos seres que neles estão (vide "A Viagem", a novela, que acabou sexta). Assim, pode-se pensar que a terra está em "alta" na cadeia de universos paralelos (por isto tanta gente!), visto que as almas migram entre estes espaços.

O espiritismo se apresenta muito mais lógico também na explicação dos sentimentos que envolvem os homens em suas relações. Amor e ódio vem do convívio de vidas passadas; o ódio, ademais, ainda se expressa muitas vezes na forma de carma. No fim dos tempos, precisaremos ter todas nossas diferenças acertadas. Bem melhor. O espiritismo é uma ciência do otimismo, sim, senhor. Visa entender o mundo com base na evolução.

De toda forma, não estou muito certa de que as duas "teorias" (serão?) se excluem. Logo, nada de mal em encher-me os olhos estas premissas do Paulo Coelho. Somos todos parte do mesmo tecido, como falam os ecologistas quando traduzem o termo meio ambiente. Somos todos um mesmo organismo. Estranho preocupar-se com detalhes... Ah, ia esquecendo... São eles que formam o todo.

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